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Com 14 pontos à frente do segundo colocado e o único clube da Série A que manteve o mesmo treinador o campeonato inteiro, o Corinthians merece elogios.

Demonstrou ter aproveitado muito bem as vantagens de receber mais do que os concorrentes na divisão do bolo representado pelo dinheiro pago pela televisão.

O Flamengo, com gestão menos eficiente, contratou os medalhões dispensados pelo Corinthians – Guerrero e Sheik –, engordou a folha de pagamento, trocou incessantemente de treinadores e cumpre campanha pífia.

A dupla é beneficiada com verba maior por uma questão mercadológica. Como possuem as maiores torcidas do país, foram naturalmente escolhidos para a exibição dos seus jogos na tevê aberta e representam maior faturamento na fechada.

Sob o ponto de vista estritamente comercial não há o que discutir. Porém, analisando sob o aspecto esportivo o Campeonato Brasileiro corre o risco de esvaziar-se nos próximos anos pela diferença da verba destinada aos demais concorrentes.

Um corintiano vai ficar sem graça de provocar os torcedores adversários que terão dificuldades para serem campeões de novo.

O Campeonato Brasileiro corre o risco de virar o Campeonato Espanhol, no qual praticamente apenas duas equipes disputam o título: o Barcelona, campeão sete vezes nos últimos 12 anos, e o Real Madrid, outras três. As exceções foram o Valencia, em 2004, e o Atlético de Madrid, em 2014.

Legal para as torcidas dos dois maiorais, mas monótono, tornando a disputa espanhola muito previsível. O duopólio entre Barcelona e Real Madrid concentra verbas astronômicas. Para os outros sobram migalhas.

Também se verifica o mesmo fenômeno na Alemanha, daí com o abarcamento do Bayern Munique que venceu sete dos últimos doze títulos nacionais.

Na Itália, o predomínio se restringe ao trio Juventus, Milan e Internazionale. Não é muito diferente na Inglaterra, Portugal e, na história recente, na França.

Como temos uma disputa interessante pelo título com 16 campeões diferentes a expectativa é mais bem distribuída entre clubes e seus torcedores. Com reflexos na audiência, no pay per view, no interesse mesmo pelo torneio. Isso tem aumentado o valor de mercado da competição. Falta melhorar a técnica e as arbitragens.

Mas agora por aqui há risco de abrir-se abismo entre o poder dos clubes. Com o tempo isso tende a resultar no perigoso monopólio de poucos.

Como o futebol tornou-se um negócio a briga restrita a dois ou três levará inevitavelmente ao desinteresse do torcedor.

Monopólio não funciona nesse esporte popular e apaixonante, em que a diversidade – e por extensão a rivalidade entre as torcidas – é o que o mantém vivo.

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