No futebol há que mamá-lo desde criança, pois os que chegam ao futebol adultos não entendem nada. E pior do que isso: não o sentem.

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Em meu caso, vi minha primeira partida aos seis anos e, um ano depois, já estava calçando chuteiras e aprendendo os fundamentos com o velho e estimado Guarani – Luis Cléve Teixeira –, um ex-jogador que ensinou muita gente a jogar futebol no juvenil do Grêmio Oeste, de Guarapuava.

Passar sebo na chuteira bico duro, passar sebo na bola e dormir sonhando com o jogo da preliminar no dia seguinte fez parte da minha infância.

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Fui, sou e serei torcedor de futebol. Nunca aceitaria ser apenas simpatizante, essa coisa híbrida, lavada, sem vibração, sem nervos, sem o fogo sagrado do entusiasmo, da angústia, do prazer da entrega total.

Se o sujeito não torcer por um time, dificilmente conseguirá assistir os 90 minutos de uma partida. A não ser que seja uma disputa eletrizante ou uma decisão daquelas, mas se o emocional estiver ausente, raramente se consegue extrair satisfação diante do atual padrão técnico do futebol.

Recordem os momentos da última Copa do Mundo, a maior parte deles de sonolência e fastio. Houve jogos em que não aconteceu nada durante os 90 minutos e só mexeu com o torcedor, no caso telespectador, no período da prorrogação ou mesmo somente na decisão por pênaltis. Até a finalíssima entre França e Itália foi um jogo arrastado, modorrento e com raros momentos de tensão. O ponto alto, por incrível que pareça, foi a cabeçada desferida por Zidane no peito de Materazzi. E, isso, como se sabe, não faz parte de um espetáculo futebolístico.

Sem os craques e com poucas revelações nesta temporada, a sobrevivência do Campeonato Brasileiro reside, única e exclusivamente, na paixão dos torcedores. Apenas a rivalidade, a disputa pelo título, pelas vagas nos torneios continentais e a luta renhida para fugir do rebaixamento é que mexem com o povo, garantem a presença de público nos estádios e elevados índices de audiência na televisão.

Basta verificar a excitação que toma conta das torcidas locais, mesmo com nossos times apresentando formações tecnicamente modestas. Mas o amor pelos clubes e a sensação de acompanhá-los na busca de seus objetivos fazem com que atleticanos, paranistas e coxas mantenham-se antenados com as coisas do futebol.

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Hoje será um domingo daqueles, com o Atlético lutando, desesperadamente, pelos três pontos contra o Fortaleza para sair do rebolo do rebaixamento e o Paraná lutando, entusiasticamente, pelos três pontos contra o Flamengo para manter-se entre os primeiros colocados na busca de uma vaga na Libertadores.

O gosto de gritar gol continua prevalecendo nas massas. Graças a Deus.