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A figura do herói fascina e, frequentemente, este ser é idealizado como capaz de feitos extraordinários.

O cidadão comum acredita no ídolo e com ele se transporta pa­­ra um mundo mágico, onde as so­­luções dependem desse ser encantado.

No Mundo Antigo o herói recebia tratamento diferenciado e era cantado em prosa e verso. As mitologias, particularmente a grega, estão superpovoadas de heróis que se situam numa posição intermediária entre os deuses e os ho­­mens e alguns heróis descendem de um deus com uma simples mor­­tal.

No mundo dos humanos nós identificamos heróis, anti-heróis e pseudo-heróis.

Os países perpetuam a memória de seus heróis nos monumentos e nos registros históricos. Mui­­tos dos eleitos pela pátria, efetivamente, merecem um lugar no pan­­teão, mas existem aqueles que são produto da cirurgia plástica de biógrafos e historiadores. Muitos líderes enriquecidos com o dinheiro público e mesmo tiranos e tiranetes que roubaram e desrespeitaram os direitos humanos, acabaram recebendo uma coroa de louros ou monumentos.

É verdade que quando caem em desgraça o povo vai às ruas e põe abaixo as suas estátuas. Foram heróis com data de validade.

O poeta Jean Cocteau dizia "Pre­­firo a mitologia, porque a história parte da verdade e ruma em direção à mentira; a mitologia parte da mentira e se aproxima da ver­­dade".

A sociedade cristalizou a ideia do herói vencedor como ocorre nas guerras, nas artes e no esporte. Entretanto, existe o herói perdedor, que é uma espécie de herói trá­­gico. É o mártir cristão das arenas romanas, é o nosso mártir da Independência. Neste terreno, o exemplo mais notável é da heroína Joana D’Arc.

Outro aspecto importante é a dimensão do herói na comunidade e seu julgamento pelos contemporâneos.

O herói vivo sempre corre o risco das revisões, enquanto o he­­rói morto é praticamente santificado. Tornar-se herói em vida implica responsabilidade e o seu cotidiano no mundo moderno é árduo pelo assédio e pelas tentações. Basta verificar a dificuldade que muitos esportistas e astros bem sucedidos encontram para manterem-se intocados. É uma espécie de modelo na vitrine da mí­­dia.

Muitos famosos gostariam de se tornar invisíveis para aproveitar a fortuna e curtir a vida, distantes de qualidades autoproclamadas ao estilo de Napoleão: "Não sou um ho­­mem, sou um acontecimento".

Basta ligar a televisão para verificar as agruras dos heróis modernos, pois com a mesma capacidade com que fabrica mitos, ela os devora.

E não podemos esquecer do herói anônimo, o herói sem his­­tória, sem louros e medalhas. É aquele que levanta às 5 da ma­­nhã e sai para o trabalho, re­­gressando à casa para dormir. É desafiado a viver honestamente em condições adversas.

O provérbio é antigo: "Basta um instante para fazer um he­­rói, mas precisa-se de uma vida inteira para fazer um homem de bem".

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