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Falam muito do suplício de Sísifo, segundo a mitologia grega condenado a carregar eternamente uma imensa pedra até o alto de uma colina e obrigado a recomeçar todos os dias, pois a pedra rola ladeira abaixo. Usa-se a história para caracterizar os esforços que se tornam inúteis por serem intermináveis.

Vá lá se saber por qual motivo fiquei pensando no Sísifo ao acompanhar as últimas peripécias da dupla Atletiba antes da estreia no Campeonato Brasileiro. Fico penalizado com os torcedores, que pela paixão que devotam aos dois maiores times do estado, esquecem rapidamente os fracassos recentes, esfregam as mãos, vestem as camisas e voltam a acreditar nas chances de sucesso. Mas, lamentavelmente, Atlético e Coritiba parecem estar sempre recomeçando.

No caso atleticano é mesmo um recomeço, pois o clube está de volta à Série A, enquanto o Coritiba retornou no ano passado e não cumpriu campanha empolgante. Antes, pelo contrário, lutou até as últimas rodadas contra novo rebaixamento. O suplício da dupla parece não ter mesmo fim diante da incapacidade revelada pelos dirigentes na avaliação dos elencos e na prospecção de novas contratações.

Os cartolas do Furacão iludiram-se com a quinta colocação e a quase classificação para a Libertadores em 2010 e não tiveram a humildade e a lucidez para interpretar o desempenho da equipe. A base era boa, porém os retoques mostravam-se imprescindíveis, especialmente na peça ofensiva. Confundiram-se – por vaidade, falta de conhecimento ou atualização –, contrataram mal e aos magotes, técnicos e jogadores, materializando a queda no ano seguinte.

Os cartolas do Coxa também foram tomados por uma euforia própria de fanáticos torcedores na comemoração do tetracampeonato estadual, mas não recomendável para quem deveria ter promovido uma leitura fria e profissional da campanha irregular desenvolvida no estadual.

Alertei que um time que levou sufoco do frágil Londrina e do sub-23 do Atlético não poderia estar preparado para encarar os desafios interestaduais. Deu no que deu. Eliminação para o Nacional, um pequeno time do Amazonas, clube da quarta divisão, futebol dos mais amadores, na Copa do Brasil.

Mesmo com as lentes pelas quais se enxerga o momento da dupla Atletiba, um tanto embaçadas, existem possibilidades de uma largada vitoriosa. Por rara coincidência, os primeiros adversários serão exatamente os únicos clubes brasileiros que sobraram nesta edição da Libertadores: o Fluminense, que receberá o Atlético, em Macaé, e o Galo mineiro, que visitará o Coritiba, no Alto da Glória.

Como jogarão com times reservas, os obstáculos da rodada inaugural não se apresentam como intransponíveis aos nossos representantes. Não custa sonhar um pouco em meio ao suplício a que estamos acostumados.

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