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Como sou do tempo em que como repórter entrevistava craques lendários do porte de Pelé, Didi, Garrincha, Gerson, Tostão, Rivellino, acredito que a atual crise técnica é a maior de todos os tempos.

O hiato entre o tri no México e o tetra nos Estados Unidos não significou diminuição no número de revelações ou perda de prestígio da seleção. Antes, pelo contrário, naqueles 24 anos surgiram talentos como Zico, Reinaldo, Falcão, Sócrates, Cerezzo, Careca, Edmundo, Romário e a seleção deixou de ganhar títulos por circunstancias de cada Copa que a história conta com riqueza de detalhes. Agora não. Agora a crise é profunda e levará anos para que o futebol brasileiro consiga dar a volta por cima.

A desmoralização na cúpula da CBF, o estado pré-falimentar dos grandes clubes, o trabalho fraco nas categorias de base, o êxodo de jovens para o exterior antes de jogar pelos times nacionais e a estagnação dos técnicos mais renomados formam preocupante quadro.

Neymar é o símbolo do atual momento, pois como craque de primeira grandeza deveria ter comportamento compatível com a fama adquirida pelo mérito profissional. O seu destempero na Copa do Mundo e na Copa América prejudicou a enfraquecida seleção brasileira.

Outro problema é que qualquer jogador vira “o cara”. As suas virtudes são superestimadas e os defeitos subestimados por técnicos, dirigentes, empresários e parte da mídia.

Defeito típico de um futebol que, ano após ano, vem sofrendo com a falta de craques para consumo interno, pois os que aparecem logo atravessam o oceano e a máquina televisiva precisa produzir ídolos. Eles são necessários por razões emocionais e, principalmente, comerciais.

O resultado é que o jogador fica cheio de não-me-toques. Só aceita elogios, se rebela com as críticas. Não admite o desaforo, protesta com o árbitro, devolve, rebate e queima o filme.

Eles se tornaram vítimas do despreparo cultural e psicológico, pois são muito exigidos e cobrados desde o inicio da carreira, mas não recebem a orientação correta para a glória e a fortuna. A maioria dos jogadores é do bem e o que mais eles querem é respeito.

Respeito que anda faltando por parte dos dirigentes que acabaram consagrando uma instituição maléfica: o atraso no pagamento de salários. E também com funcionários que não são jogadores.

Problemas de caixa toda empresa está sujeita a ter, especialmente as mal administradas. No futebol, entretanto, deixar de pagar em dia se tornou algo tão normal que já há até quem não se preocupe mais em esconder o fato.

Jogador de futebol também paga conta de supermercado, luz, água, escola do filho e merece respeito como todo cidadão que trabalha.

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