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Necessariamente, além da questão da grana que envolve o técnico de futebol no país, é outra a preocupação mais importante que penetra a formação, a credibilidade desse profissional e a permanência dele no mercado de trabalho. De maneira sempre incisiva, essa preocupação evolui ao longo dos campeonatos nacionais, quando, cruelmente, há uma brecha para se explorar a tão irônica "dança dos técnicos", oportunidade que se encontrou para jogar sobre eles a responsabilidade que muitas vezes não chega ser deles. Essa atitude incorporou-se como parte da cultura de nosso povo.

Essa cultura se agigantou a partir do momento em que muitos (e, na maioria das vezes, sem conhecimento específico da área) se consideraram com autoridade para avaliar tática ou tecnicamente os treinadores que não lhes proporcionam os resultados dentro dos imediatismos esperados por eles. E os mais exaltados desqualificam esses treinadores, rotulando-os de retranqueiros, de incompetentes quanto ao esquema de escalação, cobram um padrão de jogo (sem mesmo ter condições de oferecer uma sugestão, ainda que seja entre amigos), exigem jogadas ensaiadas (sem saber justificar a finalidade destas) e, certamente, se não ganhar o próximo jogo, o treinador está fadado a cair.

Há algumas décadas, o trabalho dos técnicos de futebol não tinha a valorização financeira como hoje, pois alguns jogadores apresentavam uma condição técnica capaz de resolver o jogo em lances individuais. Foi assim com Garrincha, Didi, Vavá, Rivellino, Jairzinho, Tostão e com o melhor de todos, Pelé. Outros tempos.

A partir das Copas de 82 e 86, quando o Brasil contava com Telê Santana no seu comando técnico e perdeu as duas, a ele foi incorporada a fama de pé frio, embora já tivesse no seu currículo o título do Brasileiro de 1971. Só mais tarde conseguiu se consagrar no São Paulo, como campeão da Libertadores e do Mundial de Interclubes.

Hoje, com novas estratégias, aqui no Paraná, o Geninho, por exemplo, aderiu ao esquema de jogar no 3–5–2, pois entende que assim há a possibilidade de saída rápida de bola com os alas e a chegada de até dois jogadores do meio-de0campo, produzindo um ataque bem mais ofensivo.

No Rubro-Negro, Geninho tem posto em prática essa linha de trabalho, usando para essa função, por enquanto, Ferreira, que já se sente pressionado pelo Marcinho, que tem mais faro de gol.

Agora, a validade desse esquema, para os abusados desempregadores de técnicos de futebol, estará sempre atrelada ao sucesso do próximo jogo. Caso contrário, a roda do cai-cai começa a girar impiedosa e inescrupulosamente. É isso.

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