Quando o atleta Renauld Lavillenie perdeu a medalha de ouro no salto com vara para o brasileiro Thiago Braz, na Olimpíada do Rio, sob vaias da torcida desabafou: “Público de m... Não sabem o que é fair-play”. De fato, o saltador com vara da França desconcentrou-se na hora do pulo.

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A plateia brasileira habituada com o futebol, não teve o comportamento adequado naquela e em outras competições, como no tênis e no judô, onde o silêncio é regra. O francês, enfim, também escorregou no verbal.

Algumas cenas entraram para a história nesta Era da tevê de alta resolução. A cabeçada de Zidane em Materazzi na final da Copa de 2006, e as dentadas caninas de Suárez e Mike Tyson no futebol e no boxe, respectivamente. É o desequilíbrio individual que surge como um flash.

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Há também o descontrole fruto da instabilidade de comando. Caso recente de um pacato Messi, jogando com o escudo da AFA, a bagunçada Associação de Futebol da Argentina.

A classificação do Paraná ou do Atlético para a outra fase do campeonato vai depender muito mais da cabeça do que dos pés dos jogadores. Quanto mais equilíbrio técnico existe no esporte, a dependência mental cresce e é decisiva.

O Atlético trás a mística da sorte e do carisma na dificuldade. Nikão falou, no bom sentido, que o Paraná Clube “(...) é meio que uma bagunça organizada”. Elogiou a postura do adversário. Ao pé da letra, claro, “bagunça organizada” não existe. Até por uma questão de semântica. Lugar algum poderia estar organizado e bagunçado ao mesmo tempo.

O estilo de trabalho de Wagner Lopes é diferente da escola de Paulo Autuori. O técnico do Paraná é didático. Nos treinos, prioriza a tática, a repetição de jogadas, ao invés de brincadeira com bola. Trouxe na bagagem muito da cultura japonesa, onde o indivíduo pensa no coletivo como se ele fosse o responsável por todos.

Autuori é motivador, lê muito e transmite segurança psicológica ao grupo. Tem mais experiência como treinador. Expressa-se bem, embora não tanto quanto imagina. Protege seus atletas com sabedoria.

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O Paraná possui hoje uma forte blindagem àquilo que passa no entorno. O leilão da sede que aconteceu durante a semana, por exemplo, não afeta dentro de campo. É filtrado pelo trabalho do gestor. O chorado holerite mensal parece estabilizado.

Poderoso e bem organizado, o Atlético não tem preocupação financeira. Lida às vezes com problemas do tipo patrão/empregado. Caso da briga de Vinícius com dois diretores do clube dias desses, e que pode, eventualmente, afetar amigos do grupo. Não acredito.

Enfim, jogos como o clássico desse domingo tornam vitoriosos os mais fortes mentalmente. Qualquer descomedimento, intemperança, é fatal. O vencedor na somatória dos dois jogos será um dos finalistas. Coritiba ou Londrina, provavelmente, o outro.

Desde que a bagunça e as ameaças judiciais, não contrariem o óbvio.