• Carregando...

Volta e meia me perguntam sobre os eventos, jogos ou atletas que mais me impressionaram nessa trajetória do jornalismo esportivo, que vai pra lá de algumas décadas. Semana passada estive num agradável café da amanhã do Clube do Gestor, um encontro promovido a cada dois meses pelo Grupo GRPCOM. Junto com Ricardinho, campeão mundial de 2002, procuramos passar uma ideia daquilo que não se vê durante eventos da envergadura de uma Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos.

Ricardinho falou, entre outras coisas (e pela primeira vez), da epopeia que foi a sua convocação para aquele Mundial. Chamado em cima da hora para substituir Emerson, com o prazo de inscrição estourando, passaporte vencido e a sincronia quase impossível dos voos de Curitiba até Ulsan, na Coreia, o relato do ex-jogador foi pitoresco. Depois, sabemos todos, veio o histórico happy end e a festa do título. Foi o momento mais precioso na palestra do convidado.

Dentro do meu espaço, procurei resumir as diferenças e as afinidades existentes entre Copa do Mundo e Olimpíada. Há um abismo de diferença entre uma só cidade que abriga atletas, dirigentes, jornalistas e torcedores em duas semanas, e um país inteiro que recebe 31 seleções espalhadas por 12 sedes em um mês. A tendência é que o resultado final seja melhor para os Jogos do Rio 2016, do que agora.

A Olimpíada é mais charmosa por seu envolvimento cosmopolita. Não há outro congresso que possa reunir, numa só cidade, pessoas de mais de duzentas nações. A Copa, porém, tem aquela coisa borbulhante, encantadora, difícil de explicar, e que só o futebol com sua magia oferecem. Pulsa mais.

A precisão chinesa na Olimpíada de Pequim foi marcante, assim como as facilidades e a organização na Copa da Alemanha de 2006. Os registros irreversíveis, porém, não foram os belos estádios, os recordes quebrados ou as finais apoteóticas. Foram sim flashes, digamos geniais, de artistas os mais variados, como o tic tac de Clodoaldo, Gerson, Tostão, Pelé e Rivelino na final de 70 contra a Itália, e o tac tic de Falcão, Zico, Cerezo, Júnior e Sócrates no 3 x 1 sobre os hermanos, em 1982. Tão encantador quanto Johnson, Jordan, Barkley, Bird e todos os protagonistas do time dos sonhos do basquete na Olimpíada de Barcelona. É que a arte apresenta novas faces. Fala línguas novas. Cria vozes diferentes. É indecifrável.

Para mim, duas coisas poderiam salvar essa Copa que vem aí: a genialidade de alguns atores em campo e o aproveitamento de cidades, como Curitiba, de promover um intermitente festival multicultural e esportivo durante o Mundial. A ocasião é rara, mas penso que essa ideia já foi para o ralo. Com plateias imensas e palcos modernos, alguns atores podem salvar a peça. Tomara.

Dê sua opiniãoO que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]