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Franz Beckenbauer foi durante as décadas de 1960 e 1970 o símbolo do esporte da Alemanha e o maior líbero do futebol mundial de todos os tempos. Ganhou tudo que um atleta de alto nível pode querer: títulos com o Bayern de Munique, Cosmos, seleção da Alemanha, melhor jogador de Copa, e por aí vai. Jogava com elegância e eficiência nunca antes vistas na história, além da liderança em campo. O apelido de Kaiser (Imperador, em alemão), não poderia cair melhor.

O currículo de Beckenbauer é imenso e precisaria de muito mais espaço. Até por que suas funções se ramificam como jogador, técnico, presidente do Bayern, do Comitê Organizador da Copa de 2006, e membro do Comitê Executivo da Fifa. Enfim, um homem de qualidade, conhecimento, e totalmente voltado para o futebol.

Não pude vê-lo jogar na Copa da Inglaterra (depois da eliminação do Brasil na primeira fase, apaguei a Copa, partindo para uma espécie de easy rider via rota 66 – aventura típica da época – junto com o saudoso amigo Celso Toniolo), mas no México, em 1970, acompanhei a vitória da Alemanha contra o Uruguai, quando Beckenbauer atuou heroicamente o tempo todo com uma bandagem apoiando o braço, pela disputa do terceiro lugar.

Lembro também de uma cena bizarra que presenciei durante a Copa América de 1999, na Ciudad Del Leste. no Paraguai. Agora como ex-jogador, ele veio acompanhar de perto alguns jogadores, como Amoroso, Alex e Ronaldinho. Era um dia chuvoso e o estacionamento do acanhado Três de Febrero (estádio da cidade fronteira), ficava longe da entrada principal. Beckenbauer, elegantemente trajado de terno e gravata, desviava-se do lamaçal até os portões do campo, quando um jipe paraguaio passou espirrando água barrenta pra todo lado e sujando a roupa do Kaiser.

Esta semana, quando vi seu nome envolvido no interminável esquema de corrupção do futebol – Beckenbauer entrou para a lista de investigados por violar o código de ética, além de denúncias de uma revista alemã meses atrás, que um esquema de caixa dois, irrigando aproximadamente R$ 41 milhões, teria favorecido a Alemanha para sediar a Copa de 2006 –, decifrei o tal banho de lama da Ciudad Del Leste, como um código premonitório que mancharia a reputação de um dos maiores ícones do futebol mundial.

Enfim, nada mais me surpreende. Dizem que todo o homem tem seu preço. Há quem vá mais longe afirmando que alguns homens são vendidos a preço de banana.

A mim – como dizia o Millôr Fernandes, no tempo do velho Pasquim – só oferecem causas meritórias, oportunidades de sacrifício, salvação da pátria ou pura e frontalmente hedionda tarefa de lutar...contra a corrupção.

Mas, falar em corrupção, como vai a sua? Vendendo saúde ou combalida e atrofiada como a minha?

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