• Carregando...

Sinto que está faltando bom humor para se tocar a vida sem causar prejuízo a ninguém. Com responsabilidade, mas suavemente. O futebol também anda carrancudo. Seria mais saudável se voltasse a ser uma diversão.

Atlético e Londrina, pela paisagem do Ecoestádio e a temperatura agradável, poderiam ter resgatado esse clima. Mas foi um fato bizarro que quebrou a monotonia. A carteirada de Antonio Lopes num dos árbitros roubou o espetáculo. O ex-comissário de polícia do Rio de Janeiro, e que tem invejável currículo como treinador de futebol, ganhou preciosos segundos na televisão. Lopes estava dentro do campo – onde não deveria estar – e saiu com essa: "Estou aqui como delegado. Eu posso. Sou autoridade policial. Quero ver quem me tira". E sacou o crachá do bolso, mostrando para o quarto árbitro. Isso me fez lembrar algumas pérolas autoritárias do tipo: "Sabe com quem está falando?", "Teje preso!", e tantas mais.

Como a anedota do policial que ordena ao dono de um sítio: "Preciso inspecionar sua propriedade". O agricultor concorda e diz: "Mas, por favor, não vá para o lado daquele pasto", apontando para uma determinada área. O policial indignado: "O senhor sabe que tenho o poder da autoridade comigo?" E tira um crachá mostrando ao agricultor. "Este crachá dá-me a autoridade de ir onde eu quero, e entrar em qualquer propriedade. Não preciso pedir ou responder a nenhuma pergunta. Está claro? Fiz-me entender?"

O agricultor, muito educado, pede desculpas e volta ao trabalho. Minutos depois, ouve uma gritaria e vê a autoridade policial correr para salvar a sua própria vida, perseguido pelo "Genésio", o maior touro do pedaço. O touro vai chegando mais perto do policial, que procura apavorado um lugar seguro. Vendo o agente público desesperado, o agricultor larga as ferramentas, corre para a cerca e grita com todas as forças de seus pulmões: "O crachá. Mostra o crachá!"

Contraponto

12 de julho de 1998. Entrada do Stade de France, palco da final da Copa do Mundo. Vejo a chegada do presidente francês Jacques Chirac e esposa, juntos com o João Havelange. A revista dos policiais (a trabalho) é a mesma dedicada a nós, "cadáveres adiados", no dizer de Fernando Pessoa. A bolsa da senhora Chirac é aberta e revistada. Chirac abre o paletó, é apalpado (com todo o respeito), e passa pelos detectores. Havelange também.

As lágrimas do arqueiro

O choro do goleiro Rodolfo pela falha no gol de empate do Londrina comoveu. Foram lágrimas de guerreiro. Lágrimas de dignidade. Saiba, Rodolfo, que ao perder um só golzinho lá na frente, o jogador de linha tem o mesmo grau de responsabilidade de quem toma. Nem por isso é execrado. Não se culpe, Rodolfo!

No woman, no cry.

Dê sua opinião

O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]