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Busco inspiração em Jâ­­nio Quadros para en­­ten­­der – e até sugerir – as justificativas que alguns técnicos tentam passar após o jogo. Depois de Atlético e Vasco, Paulo Baier escorou os repórteres de campo, e ele mesmo indagou Antônio Lopes pelos microfones: Por que este comportamento juvenil do time no segundo tempo se ha­­via no banco jogadores mais ex­­perientes?

Bombeiro calejado, o treinador procurou abafar o incêndio. O "rompante" atribuído por Lopes a Baier soou mais como significado de atitude irrefletida do que de arrogância. E as outras questões – recuo e substituições – nada mais foram do que usuais clichês que já estamos habituados a ouvir.

Acho que no fracasso deveria haver mais sinceridade dos treinadores nas respostas. Adil­­son Batista chegou a "justificar" os erros depois da goleada para o Atlético-MG afirmando que se não houvesse escalado três volantes, a goleada se­­ria maior ainda. Ora, bolas! Por que não fala isso antes? Aliás, nunca ouvi ninguém dizer "eu levei um soco na cara". Não! Todo mundo bate, surra, dá porrada. Ninguém admite que apanhou.

Ao técnico de futebol faculta escalar o time, escolher o banco e substituir três peças. É bom lembrar que antes da Copa de 70, no México, era bem pior, pois não havia substituições. No Mundial do Chile, em 62, Pelé machucou-se e ficou em campo para fazer número. Antes, na Suécia (58), um jogador francês fraturou a perna e eles ficaram com um a menos contra o Brasil.

Então, professores, a coisa melhorou. Claro que pode e de­­ve evoluir, com paradas técnicas, como no basquete, para mais ajustes. Não se trata aqui de demonizar o treinador por eventual erro, mas os erros de­­vem ser esclarecidos da mesma forma como são glorificados os acertos nas vitórias.

Muitas vezes, dentro de cam­­po, os jogadores procuram acertar, mas interferências externas atrapalham. Mais ou me­­nos como a sogra em casamento. Com a minha, por exemplo, se tivesse ela o poder de um técnico de futebol, meu tempo de jogo não chegaria aos 15 do primeiro tempo. Saída imediata por desobediência tática. Mas deixa para lá.

Voltando ao tema dos treinadores que não tem a sinceridade para dizer "errei por isso e por aquilo", sugiro que simplifiquem o discurso bem ao modo erudito do ex-presidente Jânio, mesmo com o uso não correto – embora emblemático –, e que é título dessa coluna, respondendo: Fi-lo porque qui-lo. E, se me permitem, embarco na própria sugestão para justificar o meu, digamos, erro gramatical: Fi-lo porque quis.

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