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Recebi agora pouco um alô do meu amigo Pablo San Roman, da France Press. Pablo é uma daquelas pessoas que a gente aprende a gostar pela generosidade e lucidez. Cruzamos algumas vezes nesse giro infinito de redemoinhos e torvelinhos, pelos cantos do planeta futebol. Gostaria de recebê-lo aqui em Curitiba, onde o querido companheiro crava sua bandeira a partir de junho, na cobertura da seleção espanhola. Lamento não poder retribuir a hospitalidade do amigo, pois durante a Copa ficarei no Rio.

Pablo, que trabalha e vive em Paris, traçou um paralelo do Stade de France – construído para a Copa do Mundo de 1998 – com o Maracanã, e outros do "padrão Fifa" por aqui erguidos. O estádio francês, talvez o mais completo entre aqueles que eu conheço, teve um custo semelhante ao do Maracanã (cerca de R$ 1 bi) e é administrado por um consórcio que tem contrato até 2025. É de propriedade do estado.

O estádio teve como um dos objetivos desenvolver o lado periférico de Saint-Denis, uma antiga zona industrial no norte de Paris, com muita imigração. O pai de Zidane, quando chegou da Argélia, morou um bom tempo no local. Com o Stade de France foram criados novos bairros residenciais, dando uma cara atrativa para as empresas. Serviu, enfim, para desenvolver uma parte marginal da grande Paris, além do benefício de três milhões de euros por ano, com reuniões de empresas, visitas guiadas e muitos eventos.

Comparando, seria como erguer o estádio da sede de Curitiba, em Colombo, Sítio Cercado ou Fazenda Rio Grande. Aliás, Barcelona em 1992, também construiu a Vila Olímpica numa zona desvalorizada da cidade e teve bom retorno. Grandes investimentos compensam quando se revitaliza um local de baixo apelo imobiliário.

No Brasil, concluí com Pablo, não tivemos (infelizmente) ninguém com este alcance, com poder e olho clínico para investir em obras caras, mas com apelo futurista e coletivo. O que nos falta, talvez, é alguém com a alma do Barão de Haussemann, o artista demolidor. É difícil encontrar hoje em dia um ser altruísta e com poder. Ou será com poder e altruísta?

Casa iluminada

Compartilhei momentos de reflexão sobre a Copa do Mundo na última quinta-feira, como convidado do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Discutiu-se o Mundial como um todo, e Curitiba em particular como uma das sedes. Revi bons amigos e ouvi depoimentos pontuais de vários palestrantes. Tive o privilégio de fechar o debate. Espero ter contribuído de alguma forma com informações pertinentes. O futebol, principalmente durante uma Copa, mexe com a história e a geografia do planeta terra. Meu tributo ao presidente da entidade, professor Ernani Costa Straube, e a todos os membros do Instituto.

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