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As palavras do gerente de futebol Marcus Vinícius sobre o futuro do Paraná chocam e ao mesmo tempo conduzem a uma pergunta: o risco de o Paraná baixar as portas no fim do ano é real? A resposta é um sim parcial. Marcus Vinícius acerta no perigo, não necessariamente no tempo em que as coisas possam acontecer ou mesmo na origem do possível golpe fatal.

O Paraná entrou em uma espiral em que, ano após ano, o time fica mais barato e continua caro para o clube. Até chegar a hora em que ou não consegue mais montar time ou a dívida acumulada paralisa a estrutura. É para este segundo aspecto que Marcus Vinícius aponta quando diz que, se não houver união, o Paraná não vira o ano. Para o risco iminente de a Justiça determinar a tomada de dinheiro ou patrimônio que já não bastam para manter a casa em ordem no dia a dia – o que dirá, então, zerar o passado.

O perigo maior, porém, parece vir de Brasília e não da sempre paquidérmica Justiça brasileira. A criação da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte é um caminho sem volta e a exigência de duras contrapartidas, inevitável, além de necessária. No desenho da lei, os clubes renegociam dívidas e têm de manter o pagamento em dia. Tanto do refinanciado como do corrente. Atrasou, está fora. O pagamento de salários e outros compromissos do departamento de futebol é outra linha de corte. Está em dia, continua. Atrasou, soa o apito e o juiz (no caso, a agência reguladora) põe o cartão no bolso.

A discussão é a cor deste cartão que vai subir. O Bom Senso defende que sejam punições gradativas, da advertência até o impedimento de disputar competições. Com escalonamento coerente para que times há anos geridos sem responsabilidade não precisem, da noite para o dia, funcionar como empresas-modelo e sem dívida. Os clubes pregam que essa mudança seja da água para o vinho. Querem o impedimento de disputar competições já na primeira falha. Rigor com cheiro de picaretagem, pois soa a bravata. Se o primeiro devedor for um gigante, que apareça alguém para dar a canetada que deixe milhões sem um time para torcer por uma temporada. Se for um clube menor, que sirva de boi de piranha para os novos tempos.

Historicamente fraco politicamente, o Paraná ficaria no segundo grupo, com forte tendência de vestir-se de boi de piranha. No caminho mais sensato, de punições graduais, o Paraná teria, ainda assim, pouco tempo para sair da inércia e arrumar a casa. Obviamente, não é culpa da lei, mas da irresponsabilidade e da morosidade administrativa estabelecida há anos no clube. E da mania de sempre buscar o problema do lado de fora, quando os abutres sempre estiveram dentro do próprio clube.

O alerta de Marcus Vinícius precisa ser levado a sério. O fim pode não estar tão próximo, mas o risco existe.

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