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A primeira decisão concreta do Paraná pós-rebaixamento é a de entrar na Justiça Desportiva como terceiro interessado no caso do Rio Branco. Se o clube considera ter sido lesado, que vá atrás do que considera justo, está no seu direito. O problema é em que essa batalha pode se transformar nas mãos da atual diretoria tricolor.

Ganhar na Justiça o direito de jogar a Primeira Divisão estadual no ano que vem alivia em quase nada a situação do clube. O Paraná é mal administrado há anos. Teve jogadores fatiados entre empresários, as categorias de base foram terceirizadas, nada foi feito para atrair a torcida ao estádio. Se não houver uma limpeza geral, a partir do gabinete da presidência, mas passando por dirigentes que criaram pequenos feudos na Kennedy seja quem estivesse no comando, o rebaixamento de sábado será o primeiro de uma série. E, não custa lembrar, com todos os recursos cabíveis, o caso do Rio Branco só deverá ter um desfecho lá por setembro, quando talvez seja tarde demais para acordar e encarar a realidade.

Mais produtivo seria pôr o departamento jurídico tricolor para negociar as dívidas do clube. Se isso já tivesse sido feito, o Paraná talvez não teria R$ 800 mil de receita depositados em juízo – parte do dinheiro da venda do Kelvin e repasse da televisão – que poderiam dar um refresco financeiro.

Em momentos recentes de suas histórias, Atlético e Coritiba estiveram no buraco. Saíram de lá içados por Mário Celso Petraglia (mesmo com todas as ressalvas que possa se fazer aos seus métodos) e Vilson Ribeiro de Andrade, respectivamente. Em comum, a atitude de olhar para a situação dramática de seus clubes de maneira séria e atacar os problemas estruturais. Organizaram a casa sem bravatas e colheram resultados rapidamente.

Hoje o Paraná é um casarão de estrutura apodrecida e fachada feia. Evitar o rebaixamento no tribunal é apenas dar uma mão de tinta que passe aos desavisados a falsa impressão de que está tudo em ordem. Se não fortalecer seus pilares, o Paraná cai de novo.

Ajuda e investimento

Ótima matéria de Marcio Reinecken na Gazeta do Povo de hoje mostra a participação de Aquilino Romani na Invest, empresa que detém participação dos direitos de vários jogadores da Base. Mesmo que não seja ilegal, é imoral. Deveria ser lei que dirigente de clube não possa ter participação em jogador. Como não é lei, os cartolas deveriam ao menos ter o bom senso de não se expor dessa forma.

Aquilino justifica que era uma forma de pôr dinheiro para quitar dívidas do clube. Atitude aparentemente nobre que não se sustenta, pois ao envolver fatia de jogador a ajuda se transforma em investimento. E investimento em jogador de futebol tem retorno maior que o de qualquer outro de mercado. Além de permitir todo o tipo de interpretação para qualquer atitude referente aos garotos. Para o presidente de clube ameaçado de rebaixamento, ceder Kelvin para um torneio caça-níquel da seleção sub-18 no exterior é terrível; mas para o investidor é uma vitrine e tanto. Deu para perceber o conflito de interesses?

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