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Dado Cavalcanti é o melhor técnico da Série B. Não, o colunista não enloqueceu, nem colou uma frase de texto antigo ou esqueceu de escrever alguma palavra. Nenhum outro treinador da Segunda Divisão é mais capaz do que o comandante paranista. Mas Dado talvez não seja o mais pronto para encarar a maratona de 38 rodadas pelo acesso à elite do futebol nacional. Algo até natural, considerando ser essa a primeira Série B dele de ponta a ponta.

Algumas atitudes de Dado Cavalcanti ao longo do segundo turno permitem essa conclusão. Atitudes que o afastaram daquilo que o torna diferente – a visão moderna de futebol, a valorização absoluta do treinamento, um perfil muito mais europeu do que brasileiro – e o aproximaram de velhos conceitos que já não funcionam mais nem na Série B.

O ponto do descarrilamento foi a derrota para o Oeste, em casa. A partir dali, Dado começou a falar em reinvenção do time. Houve, sim, alguma invenção, como a aposta terrível em Fernando Gabriel e Welington juntos. O Paraná não conseguiu avançar significativamente e perdeu aquilo que tinha de melhor: a pressão forte na saída de bola do adversário, a compactação perfeita entre os setores, o capricho no passe, a ida em poucos segundos da própria área ao gol inimigo. Virtudes que equipes passam uma temporada inteira sem conseguir, e o Paraná obteve tão rapidamente quanto perdeu.

O segundo passo em falso foi a valorização exacerbada da raça. Inicialmente com o simbolismo da entrega da camisa 10 a Morales. Depois com a justificativa de escalar Edimar contra o Palmeiras porque ele era "o jogador com mais sangue nos olhos no elenco". O técnico obcecado pelo treinamento virou um defensor do estilo que já há algum tempo não emplaca no G4 da B.

E terminou com o próprio Dado procurando a diretoria para falar da necessidade de criar um fato novo, uma das mais antigas verdades absolutas do futebol. O fato novo, no caso, a sua saída. Mais uma vez, Dado se deixou seduzir pelas ideias do velho futebol que tão pouco tem a ver com ele.

A diretoria paranista recusou. Seria fácil aceitar. Tiraria todo o peso de um não acesso das costas da cúpula tricolor. E, se desse certo, não faltaria quem valorizasse a coragem de mudar o técnico a cinco rodadas do fim. Ninguém nem se importaria com o fato de que trazer um treinador agora, para um tiro curtíssimo, custaria um dinheiro que provavelmente o Paraná não tem.

Ao manter Dado, a diretoria tricolor bate no peito e divide a culpa por um não acesso. Além disso, dá ao treinador a chance de se reencontrar com si próprio. Dado levou o Paraná ao topo quando fez escolhas com base no conceito atual de futebol que caracteriza sua precoce e promissora carreira. É hora de retomar esse caminho e deixar as velhas ideias de lado. São essas ideias antigas que levaram o Paraná à Série B e mantiveram o time por lá por todo esse tempo.

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