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O futebol é um ambiente tão viciado e contaminado pela velha cartolagem que a simples chegada de alguém com ideias diferentes basta para trazer um pouco de esperança. Invariavelmente isso acontece quando alguém de outro segmento resolve se meter com a bola. Senhores bem-sucedidos no ramo empresarial aptos a trazer do mundo real práticas racionais para o insano mundo dos gramados.

Foi o que aconteceu, por exemplo, quando Vilson Ribeiro de Andrade assumiu na prática – e, logo depois, formalmente – o comando do Coritiba. O sólido histórico de presidente de banco era a garantia de chegada de novas ideias ao Alto da Glória. E realmente isso aconteceu. Profissionalização da gestão, maior racionalidade na avaliação do trabalho dos gerentes (no caso, o técnico), planejamento estratégico, responsabilidade financeira. Tudo que é comum no mundo empresarial, mas parece coisa de outro planeta no futebol.

Faltava uma crise para testar a resistência da convicção empresarial. A crise veio forte com o risco de rebaixamento do Coritiba neste ano e, na prática, Vilson tem colecionado atitudes dos velhos cartolões, não dos modernos gestores.

A demissão de Marquinhos Santos foi totalmente intempestiva e com um forte cheiro de "jogar pra torcida". No vestiário, depois de uma derrota, como parecia já não mais fazer parte da rotina de um clube do tamanho do Coritiba. Depois veio a busca pelo sucessor, com claros movimentos e reações de quem não tinha a noção exata dos valores insanos do mercado em que atua.

Nas últimas semanas, Vilson tem participado de inúmeras reuniões pelo país, para apresentar um projeto de fair play financeiro no futebol brasileiro. A causa é necessária, mas não pode ser conduzida sob a aba da CBF. Como bem questionou Romário em Brasília, quem acredita que a CBF vai rebaixar o Corinthians ou tirar o título do Flamengo se eles estiverem inadimplentes? Enquanto os sucessores de Ricardo Teixeira estiverem lá, eu não acredito. E precisa de muito argumento para alguém dizer que acredita sem passar por ingênuo.

Por fim, houve o episódio da semana passada. Vilson permitiu a publicação no site do clube de uma nota oficial, criticando de forma evasiva uma reportagem aqui da firma, assinada pelo Gustavo Ribeiro. Ao acusar o jornal de leviano, o clube usou de leviandade, pois não criticou nada específico, colocando tudo no mesmo balaio de "distorção de informação". Uma tentativa de reescrever a história, no pior estilo "Procure Saber", como comparou genialmente o André Pugliesi na terça-feira.

Um castelo de areia que foi abaixo com a divulgação do áudio da entrevista no site do jornal. Ficou feio para o clube. Ficou feio para Vilson, que pode corrigir o rumo das suas atitudes. Há tempo para isso. Vilson já comprovou na prática que é capaz de ser gestor, não cartola. Resta saber se tem vontade para voltar a fazer as escolhas corretas.

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