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Repercutiu menos do que deveria a declaração de Taciano Pimenta, empresário de Douglas Coutinho, ao Fernando Rudnick, na semana passada. Reproduzo: "O que ele [Douglas Coutinho] tinha de fazer no Brasil já foi feito no Atlético".

Douglas Coutinho tem 20 anos. Foi revelação do Paranaense de 2013. Jogou pouco no Brasileiro de 2013 por causa de uma contusão. Disputou cinco jogos da Libertadores deste ano. Nenhum gol. Guardou a munição para o Brasileiro-2014. Sete gols, o último dia 10 de agosto. Suficiente para ser o artilheiro do Atlético na competição e conseguir lugar cativo nas seleções de base. É mais do que 90% dos boleiros de 20 anos fizeram nas suas carreiras. Mas pouco para dizer que ele já fez o que tinha a fazer no futebol brasileiro.

Não tenho dúvida de que Coutinho tem enorme potencial. Veloz, bom finalizador, obediente taticamente, tem características que valem ouro no futebol europeu. Precisa desenvolvê-las. Mais do que isso, precisa se desenvolver como pessoa. Atingir a maturidade necessária para suportar tudo o que implica mudar de país, conviver com outra cultura e ser cobrado publicamente para, em meio a essa transição, dar resultado no trabalho.

Seria fácil simplesmente jogar nas costas do jogador ou do seu empresário a noção de que Coutinho já fez o que tinha de fazer no Brasil. A tentação é dizer que os dois querem apenas ganhar dinheiro. Não é, necessariamente, assim.

A distância entre o trabalho feito aqui e na Europa é tão grande que o futebol brasileiro tornou-se uma simples vitrine de matéria-prima em seu estado mais rudimentar. Para beneficiar essa matériaprima, só lá fora. Aposta-se totalmente na confiança de que os clubes europeus não só têm os melhores profissionais para o trabalho dentro de campo, como já conseguem dar o suporte para o jogador se adaptar ao novo país. Uma evolução natural, considerando que grandes e médios clubes brasileiros recebem, semanalmente, levas de meninos de diferentes partes do mundo.

Essa análise faz sentido, mas não para Coutinho. O Atlético é dos poucos clubes no Brasil em condições de melhorar a matéria-prima. Pela estrutura do clube e por ter no banco de reservas Claudinei Oliveira, um dos treinadores que melhor trabalha com jovens hoje, no país. Coutinho pode fazer mais no Brasil com a camisa do Atlético. Pelo menos uma temporada consistente, que lhe permita seguir para a Europa mais maduro e pronto. E renderia aos cofres rubro-negros mais dinheiro do que uma saída precipitada no fim dessa temporada.

Seria também um recado para outros garotos da mesma idade. Tanto do próprio Atlético, como Nathan e Mosquito. Ou do Coritiba, onde a geração Dallas Cup ainda não teve o brilho esperado. Ou no Paraná, onde Ricardinho sabiamente tratou de deixar claro que quantidade e qualidade de jogadores promovidos são conceitos bem distintos.

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