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A repercussão instantânea da decisão judicial que libera Ronaldinho do seu contrato com o Flamengo teve um comentário em especial que vale para qualquer clube do país. Uma sugestão para que, ao invés de esfregarem as mãos por RG estar na praça, os dirigentes deveriam olhar para bons e promissores nomes do futebol sul-americano. E seguiu-se uma lista de nomes como Héctor Canteros (Velez Sarsfield), Agustín Pelletieri (Lanús), Cláudio Yacob (Racing) e Cristian Chávez (Boca), entre outros.

Felizmente, os clubes paranaenses não chegaram ao nível financeiro e de insanidade para sonhar com a contratação de um Ronaldinho Gaúcho. Mas o conselho para olhar com atenção para o continente é válido e deve ser levado demais em conta na hora de buscar reforços. Há uma razão financeira. O crescimento econômico do Brasil nos últimos anos deixou os hermanos mais baratos para nós e os salários pagos por aqui mais atraentes para eles. A recessão na Europa dá sua contribuição. Espanha, Portugal, Itália e Grécia, destinos comuns para jogadores sul-americanos, estão gastando cada vez menos. E muitas vezes a vantagem salarial oferecida por chineses e árabes não compensa a distância de casa.

Também há uma forte razão futebolística. Se por aqui o futebol é irmão gêmeo do samba, na vizinhança, o balípodo se assemelha muito mais a uma guerra – li essa ótima definição dia desses, no blog do jornalista Márvio dos Anjos. O reflexo em campo é que os jogadores são muito mais aguerridos do que os brasileiros. Fora dele, em regra, são mais responsáveis. Se tiver talento, torna-se o reforço ideal.

Sim, talento é fundamental e explica por que às vezes muitos hermanos fracassam no Brasil. Federico Nieto e Javier Toledo fracassaram no Atlético porque são ruins, não porque são estrangeiros. Torcedores do Coritiba pensam o mesmo de Ariel. Discordo, além de considerar que a avaliação geral do seu desempenho acabou contaminada pela forma como ele deixou o clube.

Outros atleticanos acham que Morro García deve ser incluído neste balaio. Também discordo. Ele tinha um bom histórico no Uruguai e no Atlético não teve o tempo necessário para que um estrangeiro se adapte a um novo país. E nem receberá, por questões políticas. Basta ver que Nieto, anos-luz pior do que Morro, teve muito mais oportunidades neste ano.

A dupla Atletiba tem dado sinais de que está de olho nos vizinhos. O Atlético trouxe Deiner Córdoba, mais uma promessa do futebol colombiano. O Coritiba está prestes a anunciar Paulo Rosales, argentino um pouco mais rodado, ídolo no pequeno Unión Santa Fé.

Em alguns meses, será possível avaliar com mais segurança se eles justificaram a aposta. Se derem errado, será porque foram mal escolhidos, não se adaptaram, etc. Mas nada justifica deixar de olhar para o mercado sul-americano. Está claro que vale mais investir no talento importado do que seguir se iludindo com medalhões e ex-craques.

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