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A iminente saída de Ricar­­do Teixeira do comando da CBF tem um efeito muito mais simbólico do que prático. O cartolão é um pato manco, termo usado normalmente pela imprensa norte-americana para designar um presidente que permanece no cargo, mas tem seu poder político limitado ou anulado. Teixeira foi recebido com porta na cara em todas as tentativas de aproximação com a presidente Dilma Roussef. Perdeu o livre trânsito com Sepp Blatter, que o abandonou para se abraçar a Michel Pla­­tini, candidato dos sonhos do austríaco, ávido por passar um verniz de transparência na Fifa. É a falta deste apoio, que só faz crescer diante das evidências de corrupção, que induz Teixeira a deixar tu­­do para e exilar-se em Miami.

Por mais tentador que seja, não dá para imaginar um Teixeira fragilizado, abandonando à francesa a entidade que ele dirige há quase 23 anos. Muito mais real é a imagem do personagem Marco Au­­rélio, interpretado por Reginaldo Farias, no último capítulo da novela Vale Tudo, um clássico televisivo dos anos 80. Marco Aurélio a caminho de Miami, em um jatinho, cheio de dinheiro e dando uma banana para o Brasil.

Da mesma maneira, não consigo imaginar uma melhora substancial simplesmente pela saída de Teixeira. As opções para assumir a presidência a CBF são sofríveis: vão de José Maria Marín, o ex-vice governador de Paulo Maluf que embolsou uma medalha de campeão da Copa São Paulo, a Fernando Sarney. Ampliar o olhar para os presidentes de federações e de clubes contribui em quase nada para mudar esta percepção.

O pior legado de Ricardo Tei­­xeira será a estrutura que ele deixou enraizada. Essa estrutura sobreviverá à sua saída. O sistema, este se reorganizará e continuará existindo com o mesmo vigor, para o desespero de quem imagina estar à beira da reconstrução do futebol brasileiro.

Série Prata

A Federação Paranaense passou semanas evocando os interesses dos pequenos para manter o início da Série Prata para maio. Ontem, defendeu a proposta de abertura do torneio para 1º de maio. Uma antecipação incapaz de aliviar o calendário paranista, mas suficiente para tirar os times do interior do sério. Na tentativa de agradar a todos, mais uma vez conseguiu desagradar todo mundo.

Estádio

Ruídos à parte, o acordo para o Atlético jogar na Vila Capanema não tem contra-indicações. Permite ao Rubro-Negro mandar suas partidas em um estádio um pouco maior e oferece ao Paraná uma renda extra muito bem-vinda. De lambuja, ainda salva o Atletiba da humilhação de ser jogado no Ecoestádio. É verdade que a cabalística capacidade permitida de 9.999 torcedores do Durival Britto e Silva está abaixo da tradição do clássico. Mas, com o jogo em uma Quarta-Feira de Cinzas, temporada começando e o Coritiba derrapando, difícil imaginar um público muito maior.

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