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Entre os inúmeros testes embutidos na Copa das Confederações, está o do comportamento do torcedor brasileiro durante os jogos. Com estádios novos, modernos, confortáveis e com serviços caros, era natural esperar uma mudança no perfil do público.

O conceito prévio era de que seria uma mudança para pior. Arenas repletas de párias que mal sabem o formato da bola, perguntam por que aquele sujeito que nunca entra em campo de tempos em tempos levanta o pano pendurado no bastão e só conhecem pelo nome jogadores que estampam manchetes de sites de fofoca com regularidade. Uma ideia que parte da equivocada lógica de que paixão real pelo futebol é inversamente proporcional à renda. A prática, porém, tem mostrado um torcedor bem diferente.

Os primeiros jogos do torneio apresentaram dois padrões distintos. Há aquele torcedor que vai ao estádio com o espírito de quem está em uma balada. Vale a experiência global: a foto postada no Facebook, o lanche da praça de alimentação, a beleza arquitetônica do estádio, aparecer no telão e, ufa, o que está acontecendo entre as quatro linhas.

E há aquele torcedor que se assemelha a um fã de rock’n roll que conhece todas as letras de uma banda estrangeira, tem a camiseta do conjunto e espera ansioso pela chance de vê-lo se exibir ao vivo em uma turnê pela América do Sul. Ao menos no Maracanã e na Arena Pernambuco, esse torcedor era a maioria. Basta ver o tratamento caloroso a Balotelli e Pirlo no Rio de Janeiro. Ou os aplausos a cada toque na bola de Xavi e Iniesta no Recife. Ou o coro de "Forlán! Forlán!" no segundo tempo, como se Óscar Tabárez fosse o técnico do time da cidade que insiste em deixar o craque no banco. Um coro puxado por torcedores que estavam ali, em regra, com camisas do Barcelona, da Espanha, do Real Madrid, do Manchester United, do Chelsea e de toda a sorte de clube ou seleção europeu, mescladas às camisas dos times locais.

Quando eu era criança, meus ídolos internacionais eram Maradona, Gullit e Van Basten. Com muita sorte, assistia a dois jogos deles na tevê por mês. Quando passei a ter a possibilidade de vê-los ao vivo, todos já haviam parado.

Esse público que tem assistido no estádio aos jogos da Copa das Confederações vê seus ídolos internacionais semanalmente na tevê a cabo. Segue seus passos nas redes sociais. Veste sua camisa – pirata ou oficial. E não perde a oportunidade de vê-lo em ação de perto. Será esse o público brasileiro nos estádios durante a Copa do Mundo e a Copa das Confederações. Aos clubes nacionais, fica a missão de fazê-los seguir frequentando as arenas nas competições domésticas. A isca foi lançada.

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