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Não existe revolução apoia­da pelo poder estabelecido. Se o poder estabelecido está por trás, é golpe. Portanto, se alguém tentar vender como revolucionária a debandada do Clube dos 13, não se iluda: é golpe. Um golpe articulado por Ricardo Teixeira, o dirigente que há 22 anos é o dono do futebol brasileiro. O sujeito que encheu os cofres da CBF de dinheiro, enquanto os clubes veem suas dívidas crescerem em progressão geométrica. O sujeito que leva a seleção para cada vez mais longe do país. O sujeito que se colocou como sócio da Copa do Mundo de 2014 no Bra­­sil para ficar como parte do lucro dela. Sim, o Mundial dará lucro, como todos dão, o que não significa necessariamente a modernização do futebol ou da infraestrutura do país, África do Sul que o diga.

Interessa a Ricardo Teixeira que­brar o Clube dos 13, a única or­ganização com potencial para tirar poder da CBF. Com os clubes fora do C13, Teixeira tem o caminho livre para formatar a liga de clubes de acordo com os seus interesses. Chega a ser irônico pon­tos corridos e liga, velhos anseios pela modernização do fute­bol brasileiro, serem defendidos agora por Teixeira. Mas golpe é isso, defender os desejos da maioria pela frente e pelas costas manipulá-los de acordo com a conveniência.

Massa de manobra

O Coritiba argumenta que deixou o Clube dos 13 na esperança de conseguir mais dinheiro na negociação de TV. É inevitável que o novo contrato de transmissão reserve uma quantia maior para cada clube, simplesmente porque o valor total irá crescer. A grande questão é: a diferença entre o que o Coritiba e Corinthians ou Flamengo, por exemplo, recebem diminuirá? Não. Pelo contrário, talvez até aumente.

Em uma negociação individual, vale o poder de barganha. O de Corinthians e Flamengo é infinitamente superior. São os times de maior torcida, aqueles que proporcionam maior audiência. Em uma mesa de negociação, isso faz toda a diferença na hora de puxar o valor final do contrato 1 milhão para cima ou para baixo. Clubes como Coritiba, Atlético (ainda alinhado com o C13), Bahia, Vitória e Sport têm torcidas menores nacionalmente, dão menos audiência, logo têm menor poder de negociação.

A legislação brasileira determina que os direitos de transmissão de uma partida pertencem aos dois clubes em campo. Por isso os dissidentes precisam de adesões. Vendem a ideia do dinheiro graúdo, da possibilidade de reduzir o abismo financeiro, mas na verdade só pensam em engrossar a massa de manobra.

Frouxidão

E que fique claro, aqui não se está defendendo o Clube dos 13, entidade que de revolucionária nunca te­­ve nada. Nasceu porque era interesse da CBF arrumar quem organizasse o Brasileiro de 1987, sobreviveu por duas décadas encostado em Ricardo Teixeira e ignorou as chances de transformar o futebol brasileiro. Se acabar, será o preço justo pela sua frouxidão histórica.

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