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Pênalti! – foi a primeira impressão que tive. E foi a que passei a quem acompanhava a transmissão da RPC TV. Mas aí veio o primeiro replay, mais um de outro ângulo e, à medida que a jogada era repetida, mais vinha a certeza de ter sido um lance absolutamente normal. Até a câmera atrás do gol mostrar não ter havido choque algum entre o zagueiro e o atacante, que, como bom artista, simulou direitinho a infração.

Foi na partida Londrina x Paraná e o pênalti inexistente foi convertido em gol do Londrina, para justificadas reclamações dos paranistas, que também, à primeira impressão, tinham visto falta no lance.

A mesma situação se aplica ao jogo Londrina x Coritiba, quando aquela bola no peito do zagueiro Pereira deu a clara impressão de ter batido no braço. Foi preciso o quinto replay, com o devido congelamento da imagem, para apresentar a jogada como lance normal. Mas aí, com base no primeiro reflexo, já havíamos dito: pênalti.

Estávamos errados nas duas avaliações, mas tivemos tempo de corrigi-las mais tarde.

Fiquei pensando nisso nos últimos dias, quando a saraivada de críticas à arbitragem paranaense cresceu. Justamente baseadas nesses lances citados, que não permitiram a segunda sentença a quem tinha de decidir exatamente na hora o que teria acontecido. E aí vem a inevitável pergunta: é justo utilizar todos os recursos visuais disponíveis para crucificar quem tem de agir somente pela primeira impressão?

Não que o nível de nossos árbitros esteja altíssimo, nem tanto. Mas não é tão ruim quanto querem fazer parecer aqueles que encontram insurreições em cada conversa de esquina ou desenvolvem paranoias na análise de qualquer situação.

Acho que, para todos nós, imprensa, dirigentes, jogadores e torcedores, poderia também valer a primeira impressão (descontada, é claro, a paixão de quem sempre vê as coisas conforme os interesses do coração) em casos de "julgamentos" como esses. Poderiam haver opiniões discordantes, mas pelo menos todas baseadas nos mesmos recursos. Irreal, sei disso. Mas que seria mais justo, seria.

A paixão é cega

Tenho grandes amigos e parentes queridos em Londrina, onde passei boa parte de minhas férias de juventude. Conversava com um deles dia desses justamente sobre arbitragem e ele, sempre brincalhão, me disse que a conta dos pênaltis ainda não fechava.

"Como assim?", perguntei. "Foram três pênaltis não marcados contra o Coritiba. Como teve um inexistente marcado contra o Atlético e outro contra o Paraná, ainda estão nos devendo um", replicou. Mas aí, entrando na ótica dele, cobrei a diferença de pontos que os resultados modificados trariam. E veio a resposta, bem ao estilo do torcedor. "Ah, mas isso não conta. Aqui a gente aprendeu a contabilizar tudo que é contra nós. Os erros a favor a gente finge que não existem."

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