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Eu, que há tanto tempo defendo a psicologia esportiva e critico as obviedades dos manuais de auto-ajuda e as palestras (shows) de motivação, não agüento mais escutar que os atletas brasileiros que perderam não suportaram a pressão emocional.

A seleção feminina jogou bem e melhor que os Estados Unidos, mas perdeu porque a goleira defendeu muito, as americanas têm força e tradição e, principalmente, porque a bola passava na frente do gol sempre um pouco na frente ou atrás da atacante brasileira, e por outros detalhes imprevisíveis.

A masculina perdeu porque a Argentina tem Messi e os melhores jogadores da seleção principal. Com Kaká e Robinho, haveria equilíbrio.

A seleção masculina foi bastante criticada por jogar muito atrás contra a Argentina. Já a feminina dos Estados Unidos foi elogiada por jogar bem na defesa contra o Brasil. Cada país com seu estilo. Não podemos copiar o dos outros.

A estratégia de marcar mais atrás e contra-atacar foi a mesma utilizada por Dunga na final da Copa América. Os que criticam duramente o treinador são os que o elogiaram. Poucos, mesmo nas vitórias, criticam os técnicos que desfiguram o estilo brasileiro de jogar.

Essa postura defensiva foi a mesma da conquista da Copa de 1994. Muitas vezes dá certo. Parreira adorava dizer que o importante era não levar o primeiro gol. Por isso a estratégia deveria ser a de tentar fazer o gol antes do adversário.

Como sou um sonhador racional, mais sonhador que racional, embora não pareça, penso que a melhor maneira de manter o estilo brasileiro, de ganhar jogando bem e bonito, é pressionar na marcação e iniciar o contra-ataque mais perto do outro gol. O time fica mais vibrante e ofensivo.

Mas o grande problema do futebol brasileiro, e não somente das seleções principal e olímpica, não é de estratégia tática; é de craques, de estilo e de descaso com a qualidade e beleza do jogo. Os técnicos e parte da imprensa precisam repensar sobre o que é jogar um bom futebol.

Há muitos excelentes jogadores no futebol brasileiro, mas hoje o único craque é Kaká. É pouco. Robinho continua no meio do caminho. Antes da Olimpíada, disse que torcia, porém não acreditava na recuperação de Ronaldinho, como um grande craque. Acredito ainda menos. Ele continua lento, como um veterano em final de carreira.

Apesar de ter 28 anos, não acho que a queda de Ronaldinho seja prematura. Os grandes craques de hoje, por motivos técnicos, físicos e emocionais, que citei em colunas anteriores, e por causas individuais, conhecidas e desconhecidas, dificilmente conseguem manter o esplendor técnico e físico por mais de dez anos. Com 16, no Mundial sub-17, Ronaldinho já era um craque. Foram dez anos de sucesso.

Alguns atletas fazem um grande esforço para se manterem no topo por muito tempo e não conseguem. Perdem a chama que fica no fundo da alma e que iluminam seus caminhos nos momentos difíceis. Passam a brilhar ocasionalmente, cada vez menos, somente contra adversários fracos, até se apagarem.

tostaocoluna@hotmail.com

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