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Como comentarista adora explicar tudo, deduzo, sem ter nenhuma certeza, que a principal razão das más atuações de Vágner Love é a maneira de o Palmeiras jogar, com muitas bolas aéreas. Vágner Love é um centroavante diferente, baixo, habilidoso, que gosta de trocar passes. Se ele jogasse em um time com outro estilo, como o Cruzeiro, teria grandes chances de brilhar.

Quando terminar o campeonato, o campeão vai eleger a partida chave, a do título. Já os que não atingirem o principal objetivo vão escolher o jogo que não podiam perder e os em que não venceram por causa dos árbitros. É sempre assim.

Por causa do equilíbrio, a qualidade mais elogiada pela imprensa, como se fosse algo espetacular, as partidas são decididas em lances isolados, individuais, por detalhes inesperados, erros de árbitros, expulsões, contusões, e não porque uma equipe impôs a superioridade técnica e coletiva. As goleadas são raras. Isso explica porque um time, sem mudar suas virtudes e deficiências, tem uma série de vitórias e outra de derrotas.

Se Carlos Eugênio Simon não tivesse cometido um erro, o Palmeiras poderia ter vencido o Fluminense, apesar de ter tido mais uma má atuação. Já está na hora de Simon virar comentarista da TV Globo. Nada disso justifica as absurdas ofensas que ele recebeu do presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Beluzzo.

Se o escanteio batido magistralmente por Petkovic, quando o Atlético estava melhor, não tivesse tocado em Thiago Feltri, tirando as chances do goleiro Carini, o resultado poderia ter sido outro. Isso não desmerece a boa qualidade defensiva e os bons contra-ataques do Flamengo.

Se Andrezinho não tivesse perdido um gol sem goleiro e debaixo das traves, e se Lauro não tivesse engolido um frango, o Internacional poderia ainda ser candidato ao título, apesar das invencionices de Mário Sérgio. Ele, que era o melhor comentarista para fazer análises táticas durante as partidas, é, como treinador, o maior dos Professores Pardais.

O ser humano, principalmente os pragmáticos, os bem preparados cientificamente e que tentam explicar tudo, não aceita a explicação de que a melhor explicação para certos fatos é não haver nenhuma explicação.

Não pense que não acredito na ciência. Pelo contrário, sem a ciência é o caos. Vi isso na medicina. Ocorre o mesmo no esporte. Apenas não sou ingênuo nem obcecado em querer explicar tudo. Quanto mais tentamos explicar, mais ignorantes somos.

Além disso, por mais correta, clara e óbvia que seja uma explicação, ela, isoladamente, não explica tudo. Há sempre outros fatores envolvidos, conhecidos e/ou desconhecidos.

Muitos vão dizer que "se" não ganha jogo, que a história é contada somente pelos vencedores e que, contra fatos, não há argumentos.

Não é sempre assim. As seleções perdedoras da Hungria de 1954, a da Holanda de 1974 e a do Brasil de 1982 são adoradas até hoje, para tristeza de Dunga, que nunca se conformou de a seleção perdedora de 1982 ser mais elogiada que a vencedora de 1994. Contra fatos há também argumentos.

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