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Os antigos chavões de que futebol é momento, que os jogadores e técnicos têm de matar um leão por dia e outros lugares-comuns, nunca estiveram tão vivos.

O Flamengo, depois de tantos times medíocres e de lutar durante anos para não ser rebaixado no Brasileiro, formou um bom time e ganhou a Copa do Brasil e o Campeonato Carioca. Mas bastou uma péssima atuação na Libertadores para dizerem novamente que a equipe é horrorosa, sem comando e que o técnico Ney Franco é muito calmo e bonzinho para dirigir o time.

É a síndrome do ditador. Sempre que um time dirigido por um técnico educado e equilibrado perde, falam que faltou treinador disciplinador e que os jogadores não tiveram raça. Os méritos do adversário e a imprevisibilidade do futebol são esquecidos.

Após ganhar o título carioca, voltaram os elogios ao time, ao treinador e aos jogadores, que podem acabar se a equipe for desclassificada hoje da Libertadores.

O único importante erro do Ney Franco foi se iludir, apoiado pela diretoria e por grande parte da imprensa, de que o Juninho, pela sua história, seria essencial, principalmente na Libertadores. Por causa da sua escalação, o jovem e bom Renato Augusto teve também de jogar em várias posições, prejudicando as suas atuações.

Quando os jogadores homenageiam Juninho com o título carioca, não significa que estão a favor do jogador e contra o técnico. A maioria dos jogadores, de todos os clubes, sempre homenageiam o colega que sai, independentemente dos fatos. Eles se repetem no que falam, agem, na maneira de vestir, de pentear os cabelos e em outros comportamentos. É o código dos jogadores.

Cuca e o Botafogo, que eram merecidamente elogiados, podem ser bastante criticados se o time for eliminado amanhã na Copa do Brasil. O torcedor, que perdoou a perda do título carioca, não aceita outra derrota.

Cuca inovou formando um time envolvente, que joga bonito, que cria inúmeras chances de gols, mas que deixa muito espaço para o adversário. O Botafogo não tem laterais e, com freqüência, não dá tempo para alguém fazer a cobertura nesse setor, como no primeiro gol do Flamengo e em muitos momentos dessa e de outras partidas.

Se o Santos não fizesse o gol do título nos últimos minutos, toda a ótima campanha do time na primeira fase seria desvalorizada. O Cruzeiro, que recebera mais elogios do que merecia, perdeu em uma semana o título mineiro, a Copa do Brasil, o técnico e a confiança da torcida. O Milan, que tem o pior time dos últimos anos, cresceu nos dois últimos jogos e graças, principalmente, ao Kaká, tem grandes chances de ser o campeão da Europa.

Há dezenas de outros exemplos de equipes, de técnicos e de jogadores que passam em poucos dias do descrédito à exaltação, ou o contrário.

Os resultados e os fatos mudam a cada semana e a imprensa corre atrás de novas teorias para tentar explicar, muitas vezes, o inexplicável. Nesse fugaz emaranhado, os bons e maus comentários passam a ter quase o mesmo valor. A maioria dos torcedores fica perdida na tentativa de filtrar tantas opiniões e informações. E o espetáculo continua.

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