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Nesta semana, na confusão do Natal, quando muitas pessoas querem ter e ser o que elas não têm nem são, vi em uma loja uma senhora idosa em prantos porque esqueceu e/ou confundiu suas senhas e não conseguia sacar dinheiro do banco.

A tecnologia maltrata as pessoas idosas que não acompanharam bem o seu desenvolvimento e que não possuem uma boa e próxima companhia para ajudá-las.

Uma dificuldade do uso da tecnologia, até para os jovens, é que as pessoas sabem utilizá-la, mas não sabem como ela funciona. Quando trava, não sabem destravá-la. A economia do Brasil também está travada, como disse o presidente. É preciso chamar alguém, um técnico, para destravá-la, antes que seja tarde.

Na semana passada, fiquei horas tentando falar com um funcionário da companhia responsável para consertar meu telefone. Uma secretária eletrônica passava para a outra, que passava para outra – todas insensíveis – e nada. Fiquei quase 48 horas sem telefone.

De vez em quando, some o sinal do satélite da minha televisão e ninguém sabe para onde ele foi. Fico também perdido. Quando o sinal retorna, já perdi o gol.

Os celulares invadiram o país. Uma das cafeterias mais tradicionais e gostosas de Belo Horizonte foi recentemente vendida para uma dessas empresas. Elas tomaram conta da praça do bairro Savassi, lugar charmoso e de encontros na cidade.

Com freqüência, um vendedor me telefona para vender o celular mais moderno, que manda e-mails, tira fotos, toca música, passa ao vivo o programa "Big Brother" e também faz e recebe ligações.

As pessoas que usam a tecnologia somente para sobreviver, como eu – dependo também de ajuda –, são consideradas cada vez mais esquisitas. Qualquer dia vão me internar em um hospital de loucos ou vão me mumificar, como exemplo de um dinossauro.

Não sabia que a minha fama de dinossauro chegava a tanto. Antes da Copa da Alemanha, recebi proposta para participar de um comercial na televisão. O texto dizia: "Até o Tostão sabe utilizar todos os recursos do seu celular". Já imaginou se aceitasse, com cara de idiota? Ainda bem que não perdi o senso de ridículo.

Quando faço essas críticas à tecnologia, não significa que detesto essa parafernália. Sei que ela é essencial e pode facilitar bastante a vida das pessoas. Sou contra a enorme dependência, o abuso de seu uso e temo pelo prejuízo que ela pode trazer à convivência humana.

A sociedade atual do espetáculo, que gosta mais das aparências, aproveita bastante da tecnologia. Por meio da internet e outros recursos, cada vez mais as pessoas querem aparecer e perdem o senso crítico e de ridículo. Alguns jornalistas querem também ser noticias. Quando tento separar o meu trabalho de comentarista, de crítico do meu passado de atleta, quando era protagonista, muitas pessoas não entendem.

Mas nessa época de Natal é momento de ficar alegre, de se sentir obrigado a ser feliz, parafraseando uma das belíssimas músicas de Chico Buarque.

Como Papai Noel não atendeu no ano passado nenhum pedido que fiz para o futebol brasileiro e para o país, vou enviar a cópia de pedidos do ano anterior. Será que Papai Noel ainda recebe cartas ou só e-mails?

Pessoalmente, não posso reclamar de nada nem vou pedir nada. Está muito bom. Como diz o ditado popular, se melhorar, atrapalha.

A coluna voltará a ser publicada no dia 7 de janeiro. Até lá.

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