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É uma piada dizer que a indicação do Dunga foi conseqüência de um plano de renovação feito pela CBF. O único plano da CBF é vender bem os amistosos da seleção. Isto está sempre na frente das necessidades dos técnicos e da equipe.

A escolha do Dunga foi uma decisão demagógica. Se a queixa principal contra a seleção foi a apatia, vamos contratar um técnico que simbolize o futebol guerreiro. Foi também um desprestígio aos treinadores. O melhor seria chamar o Dunga para ser coordenador e ele escolheria um treinador.

Planejamento técnico, certo ou errado, foi o que não faltou à seleção. A principal deficiência do Parreira é planejar muito e improvisar e intuir pouco. O plano do técnico era o de definir logo uma forma de jogar, um time e repeti-lo até o fim. Durante mais de três anos não foi experimentado uma única variação tática.

Por causa das excepcionais atuações do Adriano na seleção e na Itália – até mais ou menos um ano antes do Mundial – o técnico formou um quarteto ofensivo, já que Kaká, Ronaldinho e Ronaldo teriam de ser titulares. A partir daí, durante quase um ano e mais uns vinte dias na Suíça, o time só atuou e treinou nesse esquema tático. Contra a França, Parreira ficou com medo e escalou novamente os três volantes. Ficou pior.

Se Parreira tivesse experimentado outras formas de jogar e mais jogadores, durante vários jogos e não apenas por quinze minutos, e sem se preocupar tanto com o primeiro lugar nas Eliminatórias, provavelmente teria chegado a outras conclusões.

Agora é diferente. Por causa da necessidade de uma grande renovação, Dunga terá de experimentar vários atletas. Mas como no Brasil os técnicos são avaliados somente pelos resultados, será difícil ele chegar ao mundial de 2010. Pode até acontecer o contrário, ou seja, os resultados serem melhores do que seu trabalho.

Dunga vai precisar de pessoas experientes ao seu lado. Espero que não forme apenas uma turma de amigos de 1994.

Explicações

Inter e, principalmente, São Paulo jogaram bem e como se estivessem em casa. O São Paulo comandou o jogo contra o Chivas. Os jogadores mexicanos, que se caracterizam pela intensa mobilidade em campo, pareciam apáticos, como os do Brasil contra a França no último jogo e na final da Copa de 98 – Dunga estava presente, era o capitão e foi também envolvido pelo Zidane.

Esses momentos de apatia, que não são raros, mostram que os jogadores ficam sem ação quando um time é dominado pelo adversário. Tive também essa experiência. Para sair dessa paralisia, o técnico precisa criar um fato novo durante a partida, fazer uma "loucura" e provocar um grande ruído – não me refiro aos gritos histéricos na lateral do campo.

Muitos acham o contrário, que a apatia dos jogadores é que faz o outro time dominar a partida. É também uma tese. Melhor ainda é a explicação do Fernando Pessoa: "As coisas não têm explicação; têm existência".

Momento especial

Após a derrota do Flamengo para os reservas do Vasco pelo Brasileiro, o maior elogio que o Ney Franco recebeu foi o de ser o técnico ideal para a terceira divisão. Uma semana depois, ele se tornou um perfeito estrategista. Ney Franco é uma grande promessa, principalmente, pelo longo e bom trabalho que fez no Ipatinga.

O Flamengo, em vez de achar que tem um bom time, precisa ter consciência da importância desse momento, das possibilidades que se abrem para o clube, e se preparar para dar um salto de qualidade, dentro e fora de campo.

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