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Continuo o assunto abordado por Juca Kfouri, na quinta-feira. Em entrevista à ESPN Brasil, Ber­­nardinho negou que o Brasil en­­tregou o jogo para a Bulgária, com o objetivo de, em seguida, en­­frentar um adversário mais fácil.

Mas Bernardinho reconheceu que a seleção não se preparou para vencer. Falou ainda que a maioria dos jogadores pediu para o técnico não escalar força máxima. Ele aceitou e assumiu a responsabilidade. O Brasil, com um time desfigurado e sem levantador, teve apática atuação.

Na prática, qual é a diferença entre jogar para perder e não se preparar nem se empenhar durante a partida para vencer, mesmo dizendo que jogou para ganhar? É querer não querendo. Vejo apenas como um jogo conveniente de palavras. O ser humano é mestre nisso. Como escreveu Juca Kfouri, na Folha de S. Paulo, o Brasil já entrou derrotado.

A falha admitida por Bernar­­di­­nho não diminui sua brilhante carreira e a dos jogadores. Gran­­des profissionais, de todas as áreas, já tiveram, em algum momento, condutas antiéticas em suas carreiras.

Além disso, de fora, é muito mais fácil analisar e criticar. Difícil é tomar condutas, pressionado por todos os lados, principalmente pela ambição e pelo desejo de ser campeão.

No ano passado, dirigentes do Grêmio mandaram o técnico interino escalar jogadores reservas contra o Flamengo para não beneficiar o Inter, o grande rival. Os dirigentes entregaram o jogo. Os jogadores escalados, dignos, fizeram de tudo para ganhar e quase conseguiram.

Nesta fase do Brasileirão, surgem milhares de teorias da conspiração, algumas com fundo de verdade. Repito, na prática, qual é a diferença entre jogar para perder e um time poupar muitos titulares, não se concentrar nem se empenhar para vencer o jogo, mesmo dizendo que jogou para ganhar? Vai perder dos dois jeitos.

Todos vão dizer que é normal, compreensível, que um jogador, mesmo querendo ganhar, in­­cons­­cientemente, relaxe durante a partida, por não ter nenhum objetivo, como conquistar o título.

É verdade, desde que o jogador e o time, antes da partida, se preparem para vencer. Raramen­­te dá para ter certeza dessa distinção, entre o que não quer ganhar e o que quer, não querendo. Obviamente, quem entra com a intenção de perder manipula o resultado. Isso é gravíssimo.

Repito novamente, a melhor, mais clara e objetiva definição sobre tudo isso é de José Sara­­ma­­go, de que a ética tem de estar acima da razão.

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