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O zagueiro Montoya (à esq.), o volante João Paulo (12) e o lateral Murilo (à dir.) momentos antes do treino da tarde, que chegou a ser cancelado por falta de pagamento | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
O zagueiro Montoya (à esq.), o volante João Paulo (12) e o lateral Murilo (à dir.) momentos antes do treino da tarde, que chegou a ser cancelado por falta de pagamento| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

O que é?

Direito de imagem

O contrato para a licença do uso de imagem, ferramenta jurídica comum no meio esportivo, em tese não teria nada a ver com a relação de trabalho entre clubes e jogadores. Porém, mesmo independentes e desvinculados, há muita discussão sobre a hipótese de classificá-lo como parte integrante do salário. Tudo porque é comum os dirigentes usarem tal artifício com o intuito de atenuar a incidência de tributos e encargos. Dessa forma, o clube cria um valor simbólico na carteira de trabalho, cifras bem inferiores ao recebido, e completa o pagamento com as cifras determinados na licença do uso de imagem. A consequência dessa fraude é a possibilidade de aplicação do artigo 31 da Lei Pelé – que trata da rescisão de contrato por não pagamento de salários por período superior a três meses.

Treinador

Renovação de Cavalo fica estagnada

Se não bastasse o "pepino" com os jogadores, há ainda outro problema em curso na Vila Capanema. A renovação de contrato do técnico Roberto Cavalo, antes dada como certa, já não é mais tão garantida assim. O técnico não abre mão de um novo compromisso com um ano de duração. Além disso, quer a garantia de que o Paraná irá manter boa parte do elenco. Duas posições que o Tricolor, pelo menos por enquanto, parece não ser capaz de oferecer.

A insatisfação com o atual andamento das coisas pode não ser apenas da parte do treinador. O presidente eleito Aquilino Romani teria ficado chateado com Cavalo por ele ter revelado a disposição de Ponte Preta e Fortaleza em levá-lo. Para o sim, ou para um surpreendente não, o impasse deve ser resolvido ainda esta semana.

O goleiro Rodolfo, o volante Vi­­ní­cius e os meias Elvis e Bruninho. Os quatro jogadores nem estavam no meio da confusão que tomou conta da Vila Ca­­panema ontem, mas, ao que tudo indica, acabarão como uma solução para evitar o que pode se tornar um dos maiores vexames da história do Paraná.

Ontem pela manhã, os jogadores do Tricolor entraram em greve pelo atraso no pagamento de um salário e dois direitos de imagem – dívida que giraria em torno de R$ 1 milhão. Posição revista à tarde, quando toparam voltar aos treinamentos.

Com uma condição. Querem ouvir hoje uma resposta definitiva para o problema da grana. Do contrário, ameaçam não entrar em campo diante do Fortaleza, na sexta-feira, pela última rodada da Série B.

"Não tem mais condição. Já ouvimos muita promessa, e não queremos que o campeonato acabe com essa incerteza. Todo mundo tem família, o fim do ano está chegando e precisamos do dinheiro que temos direito", comentou um dos atletas, que preferiu não se identificar.

É para evitar o que seria, certamente, uma das passagens mais tristes dos quase 20 anos do Paraná, que a garotada entra na história. Com os cofres vazios, e sem a perspectiva de negociar imediatamente algum de seus jogadores, o Tricolor não enxergou outra alternativa se não apelar.

Deve quitar as pendências com os "adultos" com o dinheiro da ne­­gociação de parte dos direitos de suas revelações – a outra parte pertence à Base, parceira do clube na formação de atletas. "Nós temos essa grana prevista para entrar até a sexta-feira, de venda de parte dos atletas da base. Assim conseguiremos colocar as contas em ordem. É uma parte pequena e os jogadores vão permanecer conosco", disse Aqui­­lino Romani, presidente eleito do clube (a posse será dia 2/12).

O porcentual exato e os compradores não foram revelados. "O Renato Trombini que está vendo isso", completou Romani, citando o responsável por atrair investimentos para a Vila. Um novo fundo de investimento criado para ajudar o Tricolor, a empresa Zetex Sports e o empresário Mauro Mo­­rishita surgem como possíveis candidatos.

De certo, apenas que a atual di­­retoria praticamente "lavou as mãos" em meio a tudo isso. Con­­vocado para apagar o incêndio no Durival Britto ontem, o atual pre­­sidente do Paraná, Aurival Cor­­reia, não apontou nenhuma saída.

O dirigente reuniu-se com os atletas por cerca de meia hora, ao lado do diretor de futebol Paulo Welter e do gerente Beto Amorim, e deixou o vestiário afirmando que eles estavam liberados do treinamento, como ocorreu pela manhã, se assim decidissem.

"Achamos normal a pressão, tentamos convencê-los a dar um voto de confiança ao presidente que está saindo do clube, mas eles não concordaram. Estão no seu direito, nós ficamos tristes, eles mais ainda. Vamos trazer o presidente eleito Aquilino Romani para que ele assuma perante o grupo a responsabilidade de fazer um acerto", disse Correia.

Ontem à noite, em entrevista à Gazeta do Povo, Romani descartou essa ida à Vila Capanema. Disse ter compromissos inadiáveis na empresa que administra.

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Interatividade

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