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Königstein – Transparência se tornou a palavra preferida da seleção brasileira na relação com a imprensa. Mas a promessa de não manter segredos e de expor todos os acontecimentos de maneira cristalina ainda está restrita à teoria. O recente problema de saúde de Ronaldo é mais um episódio do desencontro de informações que cerca o ambiente do Brasil na Alemanha.

Acostumado a acusar a mídia de inventar polêmicas, o atacante foi levado quarta-feira para fazer exames em um hospital de Frankfurt – depois de notificar aos médicos da delegação que estava com fortes dores de cabeça e enjôos. Porém a CBF só tornou pública a bateria de exames de Ronaldo dez horas mais tarde, já na madrugada de Königstein.

Perguntado naquela tarde sobre Ronaldo, o médico José Luiz Runco disfarçou. Disse que estava tudo bem. Estava voltando do hospital e havia descido do carro do craque minutos antes para despistar a imprensa. Chegou caminhando. "Não podia falar sobre o assunto para um grupo de jornalistas sem antes comunicar a minha comissão técnica dos resultados", explicou ontem a mentira do dia anterior.

A obscuridade sobre o caso, assim como as especulações, só aumentaram com o fato do nome do hospital para o qual Ronaldo foi levado ter sido escondido. Todos alegavam não saber o local dos exames, inclusive o doutor Runco. Cobranças e pedidos intensificados depois, finalmente alguém pôs fim ao mistério.

No Hospital zum Heiligen Geist (Hospital do Espírito Santo), o que parecia resolvido se enevoou novamente. Silêncio. Único a atender a imprensa, o enfermeiro-chefe da emergência, Ralf Werschkull, se negou até mesmo a confirmar que o camisa 9 tivesse sido levado para o local. Outro funcionário, que pediu para não ser identificado, afirmou que a Fifa havia ligado no começo da tarde para proibir comentários a respeito do paciente famoso. E que dois representantes da entidade apareceram pessoalmente depois para reforçar a ordem. Com medo de se complicar, seguiu a determinação, mas confirmou discretamente a ida do atleta.

Jorge Luiz Rodrigues, representante da Fifa para o relacionamento com a imprensa, negou que haja interferência nesse tipo de assunto. Se alguém pediu silêncio sobre o caso, tudo leva a crer que não foi a federação internacional.

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