A dificuldade encontrada pelo técnico da seleção sul-africana, Carlos Alberto Parreira, para convocar jogadores que atuam fora do país demonstra como o futebol jogado na sede da Copa ainda recebe pouca atenção do mercado de transferências internacionais. O problema do brasileiro nem é a pequena quantidade de atletas exportados pela África do Sul, mas sim o fato de eles pouco atuarem por suas equipes.

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De todos os jogadores observados, apenas um era titular: o meia Steven Pienaar, do inglês Everton. A situação chegou ao cúmulo de o atacante Benni McCarthy, ídolo do futebol do país, trocar de time para poder atuar e, assim, ter a chance de ser convocado para sua terceira Copa do Mundo.

"Não ajuda em nada ter 25 atletas atuando no exterior sendo que a maioria deles está parada", diz o treinador, que, por ter poucos atletas com experiência internacional, coloca o seu time apenas como o sexto do continente.

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A última convocação com mais nomes "estrangeiros" foi feita ainda por Joel Santana, para a Copa da Confederações. Dos 23 atletas chamados, 9 atuavam no futebol estrangeiro: três na Inglaterra, dois em Is­­­rael e os demais distribuídos por Rússia, Alemanha, Gré­cia e Sérvia. Com Parreira é provável que este nú­­mero diminua ainda mais.

Uma das razões para a pouca atenção dada por outros centros ao futebol da África do Sul é óbvia: o isolamento em função do apartheid. Com a reintegração à Fifa, em 1992, o esporte passou por reformulações e começou a ser mais notado, principalmente após os Bafana Bafana conquistarem o título da Copa Africana de Nações, em 1996. Mas o pequeno boom – que levou para fora do país jogadores como Lucas Ra­­de­­be, capitão do Leeds United por 11 anos, o próprio atual zagueiro da seleção, Booth, e Mark Williams, atacante de passagem pífia pelo Corinthians – logo deu novamente lugar ao ostracismo. Foi apenas o tempo suficiente para se perceber que na África do Sul, mesmo tendo jogadores com grande capacida técnica, continua dando mais valor à velocidade.

"Os jogadores têm um potencial bruto, mas que precisam ser melhor lapidados nas categorias de base", afirma Marcos Falopa, que foi coordenador técnico da Associação Sul-Africana de Futebol (Safa) entre os anos de 2003 e 2004. "É um estilo difícil de se adaptar. É muita correria e toques rápido", complementa o jogador brasileiro Éder Richartz, de 28 anos.

Catarinense com passagem pelo Coritiba em 2004, ele chegou ao futebol da África do Sul em abril de 2009, para atuar no Free State Stars. É um dos nove brasileiros no campeonato local que começaram a chegar desde a primeira passagem de Parreira pelo comando técnico da seleção dona da casa. Para Éder, no entanto, é mais fácil voltar a atuar no Brasil se destacando por lá do que rumar a um centro como Europa ou Ásia, por exemplo.

"Pode ser que com a Copa do Mundo isso mude", analisa.

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