Johannesburgo - Os jogadores sul-africanos enfrentam um dilema. De um lado, o sonho de defender o país em uma Copa do Mundo como anfitriões. Do outro, a pressão cada vez maior para que honrem a pátria. Torcida, parte da imprensa e autoridades parecem ignorar as limitações dos Bafanas. Querem bom resultado e ponto final.
A pressão cresce a cada fato envolvendo os jogadores. Nos últimos dias, causou desconfiança e incômodo as negociações referentes à premiação. Tudo começou quando a Safa, a federação sul-africana, ofereceu 1 milhão de rands (cerca de R$ 238 mil) por gol marcado no Mundial. Os torcedores, a maioria trabalhadores mal- remunerados, não gostaram. Também passou-se a discutir o prêmio pela simples participação. Aí a gritaria aumentou.
Alguém deduziu que os atletas iriam encher os bolsos mesmo se não conseguissem nem um ponto a África do Sul está no Grupo 1, com México, Uruguai e França. Os dirigentes tiveram de agir. "Os jogadores não irão receber qualquer bônus se perderem", disse Leslie Sedibe, diretor executivo da federação.
Temendo desgaste, os atletas nomearam um representante para negociar por eles. Arranjaram mais confusão porque escolheram Tony Irish, advogado e diretor executivo da Associação de Críquete da África do Sul. "Não podemos permitir isso", chiou o ex-jogador Hareipha Marumo, presidente do sindicato. "Supõe-se que nossa associação existe para representar os jogadores."
Com a confusão, o técnico Carlos Alberto Parreira tratou de jogar água na fervura. "Estamos jogando diante de nossos próprios torcedores e os jogadores estarão motivados por seu orgulho e determinação, não pelo dinheiro", disse. O problema é que os jogadores já deram motivo para desconfiança. No ano passado, quatro dias antes do início da Copa das Confederações, ameaçaram fazer greve por insatisfação com o prêmio. Pressionados, reviram a posição.
O presidente Jacob Zuma, que faz gestão criticada, escora-se na Copa como tá bua de salvação de seu governo e acaba jogando o peso nas costas dos atletas. "A Copa está gerando altos níveis de patriotismo e orgulho nacional. Nossa bandeira colorida é mais visível do que nunca."
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