| Foto: Valterci Santos / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Torcedores estiveram na frente do hotel para a despedida da seleção
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Tinha batucada, samba e apoio popular. Ambiente quase de festa, que se não fosse pela insistente gozação de argentinos e dos algozes holandeses, nem parecia que o Brasil acabara de ser eliminado da Copa.

Diferentemente do Mundial da Alemanha-06, quando alguns jogadores saíram sob protesto, pelas portas de fundo do hotel após a derrota para a França, desta vez a seleção brasileira não encontrou oposição ao deixar Port Elizabeth, neste sábado, por volta das 11 horas (de Brasília).

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A turma do contra se resumiu a quatro torcedores que rodearam de carro o Protea Marine xingando o técnico Dunga – um deles trabalhou no estafe da CBF instalando a aparelhagem de som nas entrevistas coletivas durante o torneio.

O apoio moral de aproximadamente cem fãs, entre sul-africanos (a maioria) e brasileiros, amoleceu o coração de Dunga. O treinador até aceitou descer e conversar com a imprensa, mas foi demovido da ideia pelos jogadores, segundo informou o departamento de comunicação do time nacional. Um pacto interno postergou a última entrevista da "família Dunga" para o desembarque no Rio de Janeiro, na madrugada de hoje.

Opção por sair em silêncio, boa parte de cabeça baixa. Poucos se aventuraram a acenar da janela do ônibus.

Gestos que reforçaram o clima de luto que tomou conta da seleção após o gol de cabeça de Sneidjer e a confirmação de mais uma eliminação nas quartas de final. Na sexta-feira à noite o goleiro Júlio César quebrou o silêncio sepulcral que marcou o jantar pós-trauma. Fez um discurso emocionado, pedindo novamente desculpas por ter falhado no primeiro gol da Holanda.

A atitude serviu de estímulo para o treinador também pedir a palavra. Falou que, mesmo sem ter conquistado o título, deixa a África do Sul com a sensação de dever cumprido. Realizado por ter feito os atletas sentirem novamente orgulho de vestir "a camisa amarelinha". Foi a senha para parte do elenco voltar a chorar. Kaká era um dos mais emocionados. Comoção que entrou madrugada adentro, por isso a decisão de adiar o pronunciamento ao público.

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Fato que não incomodou quem passou horas em frente ao hotel em busca de uma recordação dos boleiros. "É lógico que a nossa expectativa sempre foi de ganhar. Não deu, paciência. Esse grupo está de parabéns. Honraram com muita dignidade a seleção brasileira", ressaltou a brasiliense Dina Apple Green, que se mudou para Johannesburgo há 20 anos, após o casamento com um sul-africano.

O discurso feito ao diretor de comunicação da CBF Rodrigo Paiva derrubou a cancela do Protea Marine. Dina teve acesso aos jogadores, mas, a pedido da entidade, desviou os jornalistas na saída. Não havia mesmo clima para falar nada.