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Torcedora brasileira se despede da seleção no aeroporto de Port Elizabeth. Delegação brasileira deixou o país da Copa em silêncio, mas com um curioso apoio popular | Fabrice Coffrini/AFP
Torcedora brasileira se despede da seleção no aeroporto de Port Elizabeth. Delegação brasileira deixou o país da Copa em silêncio, mas com um curioso apoio popular| Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Sucessão

Felipão ganha força na CBF

Ainda antes de a seleção brasileira ser eliminada pela Holanda, a conversa já girava em torno do substituto de Dunga. Especulação que só aumentou quando o treinador afirmou que o "projeto de trabalho era de quatro anos", após a derrota por 2 a 1, na sexta-feira, em Port Elizabeth. Andrés Sanchez, presidente do Corinthians e chefe da delegação nacional na África do Sul, trabalhou nos bastidores pela indicação de Mano Menezes, atual técnico do Timão.

A preferência da cúpula da CBF, contudo, é pelo nome de Luiz Felipe Scolari. O treinador teria autorização para conciliar o trabalho no Palmeiras, seu atual clube, com a seleção até o fim do ano. Depois se dedicaria exclusivamente, montando o grupo para Copa de 2014, no Brasil. Campeão em 2002, Felipão reestrearia já no jogo do dia 10 de agosto, contra os Estados Unidos, em Nova York, um dos seis amistosos que serão disputados pelo time no segundo semestre de 2010. Em entrevista ontem à rádio paulista Eldorado, Felipão negou o acerto.

Ricardo Teixeira está na África do Sul. Fica no país até o final da Copa do Mundo – no dia 8 participa ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do lançamento do selo oficial do Mundial-2014, na Casa Brasil, em Johannesburgo. Por enquanto tem evitado falar com a imprensa. É provável, contudo, que conceda uma entrevista coletiva nos próximos dias. Para quem sabe confirmar, entre outras coisas, quem herdará o lugar de Dunga. "Ainda é cedo para falar qualquer coisa a respeito", resumiu Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF.

  • Dunga deixa o hotel sob proteção policial: nem precisava

Tinha batucada, samba e apoio popular. Ambiente quase de festa, que se não fosse pela insistente gozação de argentinos e dos algozes holandeses, nem parecia que o Brasil acabara de ser eliminado da Copa. Diferentemente do Mundial da Alemanha-06, quando alguns jogadores saíram sob protesto, pelas portas de fundo do hotel após a derrota para a França, desta vez a seleção brasileira não encontrou oposição ao deixar Port Elizabeth, ontem, por volta das 11 horas (de Brasília).

A turma do contra se resumiu a quatro torcedores que rodearam de carro o Hotel Protea Marine xingando o técnico Dunga – um deles trabalhou no estafe da CBF instalando a aparelhagem de som nas entrevistas coletivas durante o torneio.

O apoio moral de aproximadamente cem fãs, entre sul-africanos (a maioria) e brasileiros, amoleceu o coração de Dunga. O treinador até aceitou descer e conversar com a imprensa, mas foi demovido da ideia pelos jogadores, segundo informou o departamento de comunicação do time nacional. Um pacto interno postergou a última entrevista da "família Dunga" para o desembarque no Rio de Janeiro, na madrugada de hoje.

Opção por sair em silêncio, boa parte de cabeça baixa. Poucos se aventuraram a acenar da janela do ônibus.

Gestos que reforçaram o clima de luto que tomou conta da seleção após o gol de cabeça de Sneijder e a confirmação de mais uma eliminação nas quartas de final. Na sexta-feira à noite o goleiro Júlio César quebrou o silêncio sepulcral que marcou o jantar pós-trauma. Fez um discurso emocionado, pedindo novamente desculpas por ter falhado no primeiro gol da Holanda.

A atitude serviu de estímulo para o treinador também pedir a palavra. Falou que, mesmo sem ter conquistado o título, deixa a África do Sul com a sensação de dever cumprido. Realizado por ter feito os atletas sentirem novamente orgulho de vestir "a camisa amarelinha". Foi a senha para parte do elenco voltar a chorar. Ka­­ká era um dos mais emocionados. Comoção que entrou madrugada adentro, por isso a decisão de adiar o pronunciamento ao público.

Fato que não incomodou quem passou horas em frente ao hotel em busca de uma recordação dos boleiros. "É lógico que a nossa expectativa sempre foi de ganhar. Não deu, paciência. Esse grupo está de parabéns. Hon­­raram com muita dignidade a se­­leção brasileira", ressaltou a brasiliense Dina Apple Green, que se mudou para Johannesburgo há 20 anos, após o casamento com um sul-africano.

O discurso feito ao diretor de comunicação da CBF Rodrigo Paiva derrubou a cancela do Protea Marine. Dina teve acesso aos jogadores, mas, a pedido da entidade, desviou os jornalistas na saída. Não havia mesmo clima para falar nada.

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