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“Conseguimos resultados em quatro anos e o principal foi o resgate da vonta­­de. É só ver a fisionomia dos joga­­dores e me sinto orgulhoso por estar à frente desse trabalho.” Dunga, técnico da seleção | AFP
“Conseguimos resultados em quatro anos e o principal foi o resgate da vonta­­de. É só ver a fisionomia dos joga­­dores e me sinto orgulhoso por estar à frente desse trabalho.” Dunga, técnico da seleção| Foto: AFP
  • Júlio César e Felipe Melo se atrapalham no gol de empate da Holanda
  • Veja a ficha técnica do jogo Brasil X Holanda

África do Sul, 2 de julho de 2010, 17h48. Local, dia e horário do fim da segunda "Era Dunga" na seleção brasileira.

A derrota por 2 a 1 para a Ho­­landa, ontem, colocou ponto final na trajetória do técnico no comando do time mais famoso do mundo. E, na saída, ele mostrou que sabe perder. Falou pouco, não se alterou. Deixou a impressão de que não era mesmo talhado a vencer – situação que o fez sempre perder a cabeça contra os críticos.

Jogador de sucesso e campeão mundial em 1994, o ex-treinador da equipe nacional terá de conviver com o mesmo volume de críticas que carregou após o fracasso na Copa de 1990, na Itália.

Na época, a primeira "Era Dun­­­ga" ficou marcada pelo futebol feio e pela derrota. Como atleta deu a volta por cima, mas como técnico tem um caminho incerto pela frente.

Futuro que não diz mais respeito aos seguidores da camisa amarela. Apesar do apoio maciço da po­­pu­­lação mesmo com as escolhas discutíveis e uma série de polêmicas, o comandante de 46 anos agora surge como principal vilão da derrota.

"Todos temos culpa. Mas eu sou o comandante da seleção brasileira e tenho uma culpa maior", reconhece. "Todo mundo sabe que vim para a seleção para ficar apenas quatro anos", despede-se.

A responsabilidade maior pela eliminação compete mesmo a ele. Afinal, foi do técnico a opção pelos jogadores comprometidos e ajuizados ao invés dos talentosos. Ao olhar para o banco de reservas, não via quase nenhuma opção para tentar mudar o jogo após a virada dos holandeses.

Com Grafites, Júlios Baptistas e Josués ao seu lado, deve ter se lembrado que poderia ter Gansos, Ney­­mares e Ronaldinhos para imaginar uma reação. Como não tinha, ficou atônito à beira do gramado vendo sua formação ruir com um jogador a me­­nos (Felipe Melo, seu xodó, ha­­via sido expulso).

"Com um a menos em campo fica difícil. Não iria adiantar uma substituição faltando cinco ou dez minutos. O jogador leva um tempo para entrar na dinâmica do jogo", afirmou, na sua entrevista coletiva que durou apenas oito minutos no Estádio Nelson Mandela Bay.

Comprometimento e orgulho de servir à seleção podem não ser o suficiente para ganhar uma Copa. Mas para Dunga, já é algo que o satisfaz. Tanto que desde o dia que começou a preparação no CT do Caju (21 de maio), a comissão técnica usou esses adjetivos como a base do trabalho. E os repetiu mesmo após o desastre de ontem.

"Se vocês (jornalistas) vissem como está o vestiário, poderiam en­­tender melhor. Sinto orgulho por ter estado à frente desse grupo. Ter resgatado essa vontade de jo­­gar pelo Brasil", avalia.

Se essa foi sua vitória, realmente sai por cima. Nos 43 dias em que a seleção ficou reunida, ninguém reclamou, não houve contestação e o unido grupo estava na mão.

Estava tudo tão sob controle que a única desobediência, causada por Robinho – deu uma entrevista exclusiva no único dia de folga da equipe na África, em 8 de ju­­nho – já causou cobrança e desculpas do atacante a todo o elenco.

Encastelada dentro do hotel pe­­­­la filosofia do técnico, a seleção brasileira caiu junto com as ideias de seu chefe. Mesmo tendo mudado tudo que considerava errado na gestão anterior, pa­­rou nas mesmas quartas de final de 2006. Uma derrota que vai levar o nome de Dunga.

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