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Kléberson vê fase retrô no CT do Caju

A cada pergunta respondida, ontem, no CT do Caju, o meia paranaense Kléberson fazia um resumo da sua carreira. Revelado pelo Atlético, o jogador foi o primeiro e único campeão do Mundo (em 2002) a defender uma equipe do estado durante uma Copa. No entanto, após fracassar no Manchester United e sumir no turco Besiktas, o meia só reencontrou seu caminho no Flamengo.

"Nunca desisti de tentar voltar à seleção. Nas poucas oportunidades que tive, procurei sempre aproveitar", diz ele, natural de Uraí, Norte do estado. "Estou muito feliz por voltar ao local onde dei meus primeiros passos no futebol", comenta.

Aos 30 anos, a peça-chave do esquema de Luiz Felipe Scolari há oito anos, ganhou chances com Dunga só de um ano para cá. Assim como surpreendeu virando titular durante a competição da Coreia do Sul e do Japão, Kléberson quer repetir o feito na África do Sul.

"Todos buscam seu espaço em uma seleção e qualquer um que está aqui pode jogar", prevê, sem deixar de lembrar que a filosofia de trabalho de Felipão era bem diferente da do atual comando de Dunga. "Os dois são gaúchos, mas cada um trabalha de uma maneira. O que importa é que os dois sempre procuraram o melhor para a seleção", avalia. (CEV e RL)

Os fãs perderam a paciência ontem à tarde no CT do Caju. Debaixo de uma garoa fria, a torcida pela primeira vez xingou o técnico Dunga desde que a equipe chegou a Curitiba, na sexta-feira. Tudo por causa do isolamento dos jogadores, que até agora não tiveram contato algum com o público.

Aglomerados no portão do CT, os cerca de 200 torcedores chegaram a gritar "Argentina" para demonstrar insatisfação. Quando os atletas apareceram de longe para irem ao campo de treinamento, todos comemoram e até chegaram a acreditar que poderiam entrar. Mas a barreira de PMs continuava a impedir o acesso.

Irritada, a torcida voltou toda a insatisfação para o treinador: "Dunga, c..., libera o portão!", gritavam na entrada do centro de treinamentos. "Podiam liberar ao menos um jogador, só para dar um aceno para a gente guardar de lembrança", reclamava o caminhoneiro Izaías Ferreira, 34 anos, trajando uma peruca verde e amarela.

Reclamação semelhante do pastor evangélico Sérgio Ribeiro, 38 anos, que fez um cartaz com a inscrição "Dunga, chama o Ganso, o Pato e o Marreco" para o filho João Pedro, de 3 anos, segurar. "Um dia meu filho disse que Ganso não joga bola. Aí eu falei que o Ganso e o Pato eram jogadores. Então ele respondeu 'pede para o Dunga também levar o marreco do vô", explica Ribeiro, referindo-se ao animal que o pai cria em uma chácara em Guaratuba.

Mesmo sem poder ver os jogadores, muitas famílias trocaram o passeio no parque ou no shopping ontem por uma passadinha no CT do Caju. O auxiliar de motorista Marcos Correia da Silva, 39 anos, desmarcou uma pescaria para ir ao local com a esposa Elizangêla, 32 anos, e os dois filhos, Abner e Marcos Richard, de 10 e 9 anos. "É um orgulho ver a seleção treinando perto de casa e no CT do nosso time", diz Silva, atleticano e morador da Vila São Carlos, no Umbará.

Na casa do contador Roberto Carlos dos Santos, 43 anos, o almoço desse domingo foi atípico. Ele tratou de apressar a esposa, Marlene, 43 anos, os filhos Leandro e Amanda, 12 e 8 anos, para trocarem o tradicional passeio no shopping por uma visita ao CT atleticano. "Geralmente a gente acorda mais tarde domingo e almoça fora. Mas hoje [ontem] foi só arroz com um bifinho e salada, bem rápido, para vir logo", dizia.

Não foram só aos atleticanos que a movimentação de torcedores e jornalistas agradou. Pela primeira vez, o operador de máquinas e coxa branca Edson José da Conceição, 28 anos, ficou realmente feliz em ser vizinho de muro do CT rubro-negro. "Para mim é melhor eles virem treinar aqui no CT do Atlético, do lado da minha casa, do que no nosso CT, que para mim é longe", comparava Conceição, que carregava a filha Camila, de 7 anos, nos ombros.

A dona de casa Fabiane de Matos, 26 anos, não ficou brava com o marido, o vendedor Alexandre Davi Barbosa, 34 anos, por ficar com as filhas Júlia e Ana Ruthe, 6 e 1 ano de idade, debaixo da garoa fria que caía no portão do CT. "Se a chuva ficar mais forte, a gente vai para o carro e ele fica aqui", dizia Fabiane. Sobre o motivo que o levou ao CT, debaixo de chuva, Barbosa foi sucinto: "Shopping tem todo dia. Seleção brasileira na cidade, não", concluiu.

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