1,9 mil pontos vulneráveis para exploração sexual de crianças e adolescentes já foram identificados nas estradas que conectam as 12 sedes da Copa, em um mapeamento que vem sendo elaborado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) desde 2013. No levantamento anterior, referente aos anos de 2011 a 2013, foram 1.776 pontos em um total de 70 mil quilômetros de rodovias federais.
Perigo
Exploradores têm maneiras diversas de agir, diz deputada
Relatora da CPI da Exploração Sexual Infantil, a deputada federal Liliam Sá (PR-RJ) esteve, no ano passado, em algumas das cidades-sede da Copa. Em São Paulo, ao redor do Itaquerão exatamente onde o MP atua , viu crianças de 10, 11 e 12 anos sendo exploradas sexualmente. Em Brasília, encontrou meninos de 10 a 16 perto das rodoviárias. "Eles contaram que, no dia do pagamento dos servidores, recebem até R$ 1,5 mil porque o movimento é alto". Em Recife, Liliam conta que meninos e meninas ficam nas ruas que são transversais à praia e também perto das rodovias. "Em Manaus, nós soubemos de programas feitos até em jet ski."
Daqui a menos de 50 dias começa a Copa do Mundo, e 600 mil estrangeiros deverão desembarcar no país e se somar aos três milhões de brasileiros que, segundo o Ministério do Turismo, se deslocarão entre as 12 cidades-sede durante o evento. O campeonato vai aquecer a economia e mudar a rotina do país, mas também deve deixar crianças e adolescentes brasileiros ainda mais vulneráveis à exploração sexual.
Em diversas cidades do Brasil, já há sinais da ação de aliciadores de menores pessoas dispostas a montar pequenos exércitos capazes de saciar a demanda por sexo. Em São Paulo, o Ministério Público estadual investiga a atuação de aliciadores de crianças e adolescentes na região da Arena Corinthians, estádio que ficou mais conhecido como Itaquerão e que servirá de palco à abertura da Copa do Mundo, no dia 12 de junho.
Em Cuiabá, a Polícia Civil investiga de forma sigilosa uma rede que percorre a periferia da cidade e oferece aos jovens da região salários tidos como irrecusáveis. Para ficar à disposição de turistas interessados em sexo durante 15 dias mais precisamente entre 10 e 25 de junho, quando a cidade sedia partidas de futebol , crianças e adolescentes têm recebido ofertas que oscilam entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.
Enquanto esse cenário ganha força, as redes de combate à exploração sexual infanto-juvenil durante a Copa ainda não estão consolidadas.
Em São Paulo, o comitê local só foi criado no fim do ano passado, e seu plano de enfrentamento ainda não está pronto. A expectativa da prefeitura, que coordena os trabalhos na área, é de que o documento só seja finalizado na primeira quinzena de maio.
"As reuniões do comitês estão acontecendo. O trabalho está sendo desenvolvido, mas já deveria estar pronto. Era hora de a gente estar testando a rede, e não estamos", lamenta a promotora de Defesa dos Direitos Difusos e Coletivos na Infância e Juventude de São Paulo, Fabiola Moran Faloppa.
"Nossa rede é frágil. Os conselhos tutelares existentes são insuficientes, e os técnicos não estão preparados para atender a casos de exploração sexual infantil", afirma Denise Cesario, gerente executiva de Programas e Projetos da Fundação Abrinq.
Em Cuiabá, o coordenador da Comissão Estadual de Segurança de Grandes Eventos, coronel Joelson Sampaio, informa que não foi adotada ação específica para combater a prostituição infanto-juvenil durante a Copa, mesmo sendo a cidade uma das 12 sedes do evento.
Mas registros internacionais indicam que o aumento da exploração sexual de crianças e adolescentes antes e durante os chamados megaeventos é um fato. Na África do Sul estima-se que os casos subiram 30% em função do Mundial. Isso não deveria, portanto, pegar de surpresa nenhuma autoridade brasileira.
Quem são os jovens expoentes da direita que devem se fortalecer nos próximos anos
Frases da Semana: “Kamala ganhando as eleições é mais seguro para fortalecer a democracia”
Iraque pode permitir que homens se casem com meninas de nove anos
TV estatal russa exibe fotos de Melania Trump nua em horário nobre