Sempre animados, argentinos são a maioria na orla de Copacabana| Foto: Fotos: Hugo Harada
Com os tradicionais sombreiros, mexicanos estão otimistas em relação ao desempenho de El Tri
Rodadas de caipirinhas circulam sem parar entre os torcedores, sempre com sede
Com a camiseta da seleção, croatas batem bola debaixo do sol forte
Animados com a vitória na estreia, americanos também curtem o calor carioca
Holandeses
Principal cartão-postal do Rio, Copacabana é o ponto de encontro das torcidas

Praia-símbolo do Brasil, Copacabana está completamente tomada pelos gringos. Argentinos, chilenos, holandeses, croatas, americanos, enfim, a maior e mais variada concentração de nacionalidades da Copa do Mundo, desequilibrando o hábitat natural dos cariocas.

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INFOGRÁFICO: Veja onde os torcedores se concentram

O trecho em frente ao mítico Copacabana Palace é território argentino – onde rolam as Fan Fests da Fifa, com a transmissão dos jogos. Invasão deflagrada no último sábado, véspera da estreia da seleção argentina na Copa, e, a julgar pela animação dos hermanos, para sempre. Faixas e bandeiras penduradas nas árvores e um mar de camisas azuis e brancas rivalizam com o verde do mar.

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Ao longo de todo o dia, há o "alentazo" (ato de torcer como se estivessem no estádio). Já virou um ponto turístico local, sempre cercado por curiosos. "Moro aqui e nunca vi nada igual", afirma José Henrique de Assis, funcionário público, 55 anos, há 40 em Copacabana.

Os argentinos foram os responsáveis ainda por introduzir uma nova bebida aos costumes locais. Além do manjado mate gelado, há agora o mate "quente" – a infusão preparada com ervas, sorvida na cuia, tradicional no país vizinho (o chimarrão dos gaúchos).

Outro combustível, neste caso de todos os estrangeiros, são as caipirinhas. O ancestral aditivo brasileiro é vendido, já pronto, em bandejas que circulam com desenvoltura por todo o lado. Do calçadão até a beira da água. O preço varia de acordo com a cara e animação do turista. Pode sair de R$ 15 a R$ 30 no copinho de plástico.

Até o término da competição, os adoradores de Maradona prometem realizar um "asado" (como eles chamam o churrasco) trajados só de sunga. "Ainda estamos nos estruturando para preparar. Não temos a grelha [parrila]. Mas vai sair", garante o advogado Armando Martinez, 37 anos. Morador de Córdoba, o torcedor veio ao Mundial numa van com outras sete pessoas.

Futeba

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Cerca de 50 metros adiante, na direção da pedra do Arpoador, é possível avistar um fenômeno extravagante: croatas jogando bola. Equipados apenas com calções e/ou camisas quadriculadas em vermelho e branco – o padrão da seleção – os branquelos fritam debaixo do sol e rolam na areia com o vigor de quem está acostumado.

Aliás, além do futebol do torneio, o da praia é das poucas coisas que unem os gringos. E, às vezes, os separam dos brasileiros, que viraram minoria na outrora "Princesinha do Mar". "Donos" de uma cancha para treino, o time de areia do Botafogo por pouco não se envolveu num incidente diplomático internacional.

"Eles estavam treinando e o pessoal de fora queria usar também as traves. Os ânimos ficaram exaltados e o pau quase fechou", diz o guarda municipal Alexandre Leonel, 26 anos. Junto com um colega, e ambos portando cassetetes de quase 1 metro (o chamado "amansa louco"), os dois tiveram de virar "árbitros" e apitar os últimos minutos da partida dos botafoguenses.

Diversidade

Mais à frente, a maré vermelha representa a ocupação chilena. A qualquer momento, o barulho das ondas pode ser interrompido por um zunido seguido do grito "Chi-chi-chi-le-le-le, viva Chile!". O indefectível cântico só não é mais forte que as caixas de som espalhando a versão própria da cúmbia, ritmo surgido na Colômbia que se alastrou onde quer que se fale castelhano. Samba não tem vez. Bossa nova, nem pensar.

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Outra fronteira é cruzada já perto da divisão com Ipanema, bem menos frequentada pelos torcedores. Ali é reino holandês, já que um grupo de 100 torcedores está hospedado no Othon Hotel. Há uma semana na capital fluminense, boa parte deles já está da cor da camisa da seleção de Robben e Van Persie, resultado de horas a fio no sol sem qualquer tipo de proteção.

"Tem sido muito divertido. Todo esse calor não é comum e ter uma praia disponível na frente do hotel é ótimo. Vamos visitar Paraty e São Paulo também", comenta o comerciante Hank Guifjensm, 39 anos.

Próximo do fim da mais clássica das orlas brasileiras, das calçadas em pedras portuguesas imitando as ondas, um grupo de idosos austríacos bebe chopes num quiosque vizinho ao Forte de Copacabana. Bonés do país enterrados na cabeça, tênis de passear e meias esticadas até o meio da canela, os veteranos passam praticamente batidos, no bairro com mais idosos da cidade. Talvez porque a Áustria não se classificou para a Copa.

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Veja os gringos