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Construção de viaduto sobre a Avenida das Torres: Curitiba tem o 2º menor orçamento para a Copa, e a execução é lenta | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
Construção de viaduto sobre a Avenida das Torres: Curitiba tem o 2º menor orçamento para a Copa, e a execução é lenta| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

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Investimento e tabela limitam impacto do Mundial na cidade

O desânimo do empresariado curitibano pode estar relacionado ao baixo volume de investimentos programados para a cidade, que deve limitar o impacto econômico do Mundial.

O orçamento de Curitiba para o torneio, de R$ 814 milhões, é o segundo mais baixo dentre as 12 cidades-sede, superior apenas ao de Porto Alegre. O andamento das obras também deixa a desejar: apenas 35% do valor previsto foi pago até o fim de dezembro, o quarto menor índice do país, segundo o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União.

Os empreendimentos mais adiantados são os programados para o Aeroporto Afonso Pena e para a Arena da Baixada – nos dois casos, 48% já foram pagos, segundo a CGU. As obras de mobilidade urbana, que em tese representariam o maior legado da Copa para a população, decepcionam: apenas 22% do orçamento de R$ 384 milhões foi executado.

Ainda pior está a área de infraestrutura turística. Estavam previstos investimentos de R$ 19 milhões na construção de centros de atendimento e melhorias na sinalização e na acessibilidade de pontos turísticos. Mas, até agora, nem um centavo foi desembolsado.

Um estudo apresentado pelo governo federal em 2010 estimou em R$ 1,8 bilhão o impacto econômico direto da Copa em Curitiba – o que inclui os investimentos em infraestrutura, o esperado aumento na demanda por bens e serviços e os gastos dos turistas. O valor é maior apenas que o esperado para Porto Alegre (R$ 1,6 bilhão). O sorteio dos grupos evidenciou o papel secundário da capital paranaense no Mundial. O PIB per capita médio das seleções que vão jogar na cidade é o terceiro mais baixo dentre as 12 subsedes, o que tende a limitar os desembolsos de parte dos turistas.

A Copa do Mundo definitivamente não empolga os empresários curitibanos. Mais da metade acredita que o Mundial não terá qualquer impacto em seus negócios, e nove em cada dez não fizeram nem pretendem fazer ações especiais para o torneio. Os dados são de um levantamento encomendado pela Gazeta do Povo ao iBrain Inteligência de Mercado e Pesquisa Estratégica.

INFOGRÁFICO: Maioria dos empresários não deve investir em ações especiais para o Mundial

A pesquisa ouviu 300 empresários do setor de serviços e profissionais liberais de Curitiba nos meses de outubro e novembro de 2013. Apenas 3% disseram já ter feito algum preparativo relacionado à Copa, principalmente de divulgação, e 7% afirmaram que planejam algo nesse sentido. Os demais 90% não têm planos para o Mundial.

"Aos poucos foi caindo a ficha de que a Copa tem capacidade de agregar muito pouco para uma cidade periférica como Curitiba. O Mundial terá duração muito curta por aqui, de dez dias entre o primeiro e o último jogo. Serão apenas quatro partidas, todas na primeira fase, e três vão envolver seleções pouco expressivas", diz o economista Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor do iBrain e professor da PUCPR e da Esic. "Poucos setores vão ter um incremento realmente importante em suas receitas. É o caso da hotelaria e das empresas de promoção e eventos."

Para 55% dos entrevistados pela pesquisa, a Copa não vai afetar os negócios. Apenas 18% acreditam que ela vai melhorar os resultados de suas empresas, principalmente por causa do aumento do movimento na cidade e do esperado crescimento da demanda. E 16% acham que o campeonato vai atrapalhar os negócios, por motivos como a possibilidade de tumultos e a expectativa de uma queda na demanda.

"A questão do tumulto é reflexo do que ocorreu durante a Copa das Confederações, em junho de 2013. Há uma preocupação com quebradeira nas ruas, com o risco de ter de baixar as portas para evitar prejuízos maiores. A ideia de decretar feriado em dia de jogo também preocupa, pois tira receita do comércio", diz Araújo.

O economista acrescenta que estabelecimentos da região da Arena da Baixada podem ser prejudicados, uma vez que a Fifa promete atuar para banir propaganda que considere irregular – ou seja, desvinculada de seus patrocinadores – em um raio de dois quilômetros a partir do estádio.

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