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Mudança no caderno de encargos inclui a troca das cadeiras do Estádio Joaquim Américo. | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Mudança no caderno de encargos inclui a troca das cadeiras do Estádio Joaquim Américo.| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

O tão falado caderno de encargos da Fifa é quase um vilão para a realização de uma Copa do Mundo. As exigências são tantas, e tão específicas, que os arquitetos responsáveis pelos projetos dos estádios precisam fazer ajustes a todo momento que uma nova norma surge. Não poderia ser diferente com a Arena da Baixada, que teve o desenho alterado significativamente para atender às normas mais atuais da entidade maior do futebol mundial.

A 5.ª edição do documento, liberada no início do ano, pegou muitos arquitetos de surpresa e foi a grande responsável pelo acréscimo de R$ 85 milhões em relação ao orçamento inicial de conclusão do estádio curitibano para a Copa, que era de R$ 135 milhões. O que valia ontem, não vale mais hoje. E um projeto desenhado sobre uma edificação já de pé, sofre ainda mais. "Em alguns projetos, que podem ter um pouco mais de flexibilidade, não foi muito traumático. Para outros, já existentes, vai ficar mais complicado atender o que foi pedido", explica o arquiteto Eduardo de Castro Mello, responsável pelo projeto do Estádio Mané Garrincha, em Brasília.

O fato é que a Fifa está levando a ferro e fogo as exigências e a palavra "exceção" passa longe do dicionário da entidade. Tudo para que o evento tenha a cara mais bonita possível, sem qualquer tipo de preocupação com o que ficará para depois do Mundial. "Eles [a Fifa] estão sendo inflexíveis. A festa é deles e dizem quem pode entrar e quem não pode. Quanto mais você agradar e atender às necessidades, mais eles ficam satisfeitos. Não estão preocupados com legado, mas com a condição de trabalho durante a Copa", analisa Mello.

A intolerância com os projetos "desatualizados" resultou em várias modificações no desenho da Arena e justamente em alguns setores nos quais tudo parecia resolvido e sob controle: fornecimento de energia elétrica, aparelhos de ar-condicionado em áreas VIP, sistema de iluminação, gramado e cadeiras.

O que chama mais a atenção é a substituição de todos os assentos atuais. Só este item custará R$ 11 milhões. Apesar de ser apenas uma recomendação e não obrigação, as cadeiras serão rebatíveis, como as de teatro, sem estofamento – tecido especial, só para os VIPs. Só que a recomendação se transforma em exigência em função da norma de segurança da Fifa, feita junto com o Corpo de Bombeiros. Essa troca é para cumprir a necessidade de ter 40 centímetros de passagem livre nos espaços entre os degraus, não existente hoje no estádio atleticano.

As cadeiras nem sequer foram compradas, muito menos instaladas, e a Copa está três anos distante, mas o Atlético já se preocupa com a manutenção do material. "O que vamos fazer com as cadeiras atuais, que são modernas, recentes e de boa qualidade? Temos de tirar as 24 mil, colocar num depósito, comprar novas e correr o risco de ver em quanto tempo vão quebrar. A tendência é de não suportarem dois jogos pulando em cima. Uma cadeira dessas pode virar uma arma", diz, com receio, o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Gláucio Geara.

Outra preocupação do clube é a indefinição sobre o que fazer com tudo o que for específico para a Copa e não é fundamental para atender às necessidades do Atlético depois de 2014. "Em torno de 50% da estrutura seria obsoleta para nós. Tem coisas que evidentemente teríamos de desativar para não gerar custos fixos", conclui Geara.

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