Trejo é fã do futebol brasileiro, mas torcerá pelo México hoje| Foto: Fernando Rudnick, enviado especial/ Gazeta do Povo
Panchito e o filho com outros torcedores mexicanos em Natal

Logo de cara, o mexicano Francisco Trejo, 59 anos, chama atenção. O inconfundível bigodão grisalho – que não é aparado há três anos – ganha fotos com desconhecidos por todos os lados.

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"Posso tirar?", diz um torcedor, empunhando de bate pronto a câmera no setor de bagagens do aeroporto de Fortaleza. "Esse bigode merece uma foto", completa, antes de fazer o registro.

Mas por trás da aparência extravagante do baixinho se esconde um grande personagem do futebol mexicano. De cara limpa, o empresário que vive em Los Angeles já foi a seis Copas do Mundo. Sempre caracterizado como bom mexicano, usando o sombrero (chapéu), o sarape (vestimenta) e carregando a tequila (arriba, arriba!).

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"Esses itens são muito importantes para os mexicanos. E a bandeira também, para mostrar ao mundo de onde viemos", explica Trejo, conhecido como Panchito, orgulhando-se das dez garrafas da mais pura tequila trazidas na bagagem.

Mas não é proibido entrar com a bebida no estádio? "Tem um jeito", responde, sorrindo, Franciso Ademir Trejo, filho do meio de Panchito, único que o acompanha no Brasil.

O nome é homenagem a Ademir da Guia, principal ídolo da história do Palmeiras. Seus outros dois filhos homens também foram inspirados em jogadores brasileiros. O mais velho é Jair, assim como o Furacão da Copa de 1970. O mais novo, Josimar, nome do lateral-esquerdo brasileiro no Mundial de 1986.

Além dos dois torneios disputados em sua terra natal, Trejo esteve na França (1998), Coreia/Japão (2002), Alemanha (2006) e África do Sul (2010). Em nenhum deles, se sentiu tão em casa quanto aqui.

"Os brasileiros sempre são muito calorosos, muito bons com o povo mexicano. E sempre levamos o Brasil como nosso segundo país", garante Panchito.

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Ele e o filho têm ingressos até a final no Maracanã, dia 13 de julho. Porém, a agenda não se resume a frequentar aos jogos. Na passagem pelo Ceará, por exemplo, visitou o ex-jogador Fabiano Pereira da Costa, que atuou por quatro anos no Necaxa, seu time do coração.

Quando for a São Paulo, Panchito já tem convite para jantar. No dia 25 de junho, o compromisso é na casa do técnico Vanderlei Luxemburgo, sogro de Fabiano. "Já fui lá uma vez e é engraçado porque para entrar você tem de passar por uma revista dos seguranças", conta.

Do atacante Kléber Pereira, campeão brasileiro pelo Atlético em 2001, o torcedor-símbolo do México guarda um par de chuteiras. "Também jogou no Necaxa", alegra-se. No Mundial de 2000, no Brasil, entregou uma camisa de seu time ao então presidente do Vasco, Eurico Miranda, e recebeu tratamento VIP em São Januário.

Seu carisma e facilidade em fazer amigos o proporcionaram criar um pequeno museu em casa. São cerca de 300 itens, entre camisas, flâmulas e bandeiras. O mais caro deles é um livro da Fifa, de edição limitada, comprado por 1,5 mil dólares. A história da coleção até já virou reportagem de televisão.

Panchito, no entanto, esbanja simplicidade. Em 1986, pagou 250 dólares para um ‘coyote’ o levar ilegalmente aos Estados Unidos. Atravessou a pé a fronteira e hoje, legalizado, tem uma empresa de processamento de carnes.

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Um mexicano típico, que veio ao Brasil pela paixão pelo esporte e nada mais. "Não poderia deixar de vir ao Mundial na terra do futebol, não é? Só peço a Deus saúde para estar na Rússia, em 2018, e no Catar, em 2022. Minha dúvida é se mantenho o bigode até lá ou não".