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Arena da Baixada tem dois orçamentos diferentes, diz TC-PR | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Arena da Baixada tem dois orçamentos diferentes, diz TC-PR| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Atraso em série compromete o legado da Copa em Curitiba

Uma via de 7,6 quilômetros, entre Curitiba e Colombo, é a única obra de mobilidade urbana na capital paranaense para a Copa do Mundo de 2014 que está em dia. Segundo o relatório do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TC-PR) divulgado ontem, a reforma na Rua da Pedreira está 5,13% concluída, exatamente como previsto no cronograma físico-financeiro apresentado pelo governo do estado, responsável pela benfeitoria.

É um dos três trechos das vias de integração radial metropolitanas, compostas por outras duas partes, que estão em atraso. Por isso, a obra consta como atrasada no balanço do TC-PR, exatamente como as outras nove do PAC da Copa em Curitiba. Um cenário que preocupa o órgão fiscalizador.

"Há um risco de as obras não ficarem prontas até a Copa. Caso isso aconteça, o estado e o município perderiam as condições privilegiadas de empréstimo por causa da Copa. Isso compromete o legado para a população", afirmou o analista de controle do Tribunal, Paulo Borsari, responsável por apresentar os detalhes das obras de mobilidade.

O levantamento do Tribu­­nal leva em conta o estágio das intervenções no dia 5 de junho. Neste recorte, a obra mais atrasada é a extensão da Linha Verde Sul, de responsabilidade da prefeitura. O primeiro lote, entre o bairro Pinheirinho e o Contorno Sul, está paralisado e teve o contrato rescindido. O segundo lote, na Marechal Floriano Peixoto, ainda não foi iniciado. É a mesma situação apurada no balanço anterior, em março.

O relatório ainda apontou estagnação em quatro outras obras: requalificação da Rodoferroviária e seus acessos; Sistema Integrado de Monitoramento; Sistema Integrado de Monitoramento Metropolitano e o trecho Sal­­gado Filho das vias de integração radial metropolitana.

Segundo o secretário municipal de Copa, Reginaldo Cordeiro, não há risco de exclusão de obras conduzidas pela prefeitura e tudo deve estar pronto até abril de 2014. Em nota oficial, o secretário estadual de Copa, Mario Celso Cunha, admitiu que a única intervenção sob responsabilidade do estado que pode não ficar pronta a tempo é o trecho da Avenida Salgado Filho das vias de integração radial. As demais, diz ele, serão entregues até abril de 2014.

O repasse de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as obras da Arena da Baixada está suspenso. O corte atende a uma recomendação do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TC-PR), que detectou fragilidade nas garantias de pagamento do empréstimo e falta de clareza no orçamento para a conclusão do estádio curitibano na Copa de 2014.

O poder de veto é assegurado por um acórdão firmado em março, entre o Tribunal de Contas da União (TCU) e o BNDES. Pelo acordo, qualquer repasse a partir de 65% do valor financiado (R$ 131,2 milhões) está sujeito a suspensão caso o órgão de fiscalização estadual verifique riscos aos cofres públicos. Até o momento, a CAP S/A, sociedade de propósito específico responsável pela reforma e ampliação da Baixada, recebeu R$ 85,2 milhões (equivalente a 64,9%), divididos em três parcelas, via Fomento Paraná.

Por intermédio de suas as­­sessorias de imprensa, a Fomento e o BNDES informaram que aguardam a autorização do TC-PR para realizar novos repasses. O Atlético, também via assessoria, disse que o clube, caso julgue necessário, irá se pronunciar via site oficial.

Ontem, o Tribunal de Con­­tas apresentou um relatório das obras em Curitiba, no qual listou situações que colocariam em risco os recursos públicos empenhados no estádio. O órgão diz ter recebido informações incompletas sobre o projeto da Arena e dois orçamentos diferentes; um sintético, de R$ 184,6 milhões, e outro detalhado, de R$ 195,7 milhões. E ter conhecimento de um terceiro, divulgado pelo Atlético, de R$ 219,7 milhões.

"A Fomento, o BNDES e o Tribunal devem ter em mãos o mesmo orçamento, no mesmo valor, com os mesmos itens. Isso é responsabilidade da CAP S/A", afirmou a analista de controle do TC-PR, Denise Gomel, responsável por apresentar o resultado do levantamento elaborado pela Comissão de Copa do órgão. De acordo com Denise, é impossível precisar quanto da obra foi concluído. A Fomento Paraná trabalha com o índice de 50,7% de execução, aferido por uma auditoria contratada pela agência, conforme prevê o contrato.

O TC ainda recomendou revisão nos contratos de financiamento. No primeiro, de R$ 30 milhões, o órgão verificou contradição entre dois itens que determinam como será feito o pagamento. Não fica claro se é o Atlético com recursos próprios ou com créditos de potencial construtivo. No segundo, de R$ 131,2 milhões, foi detectada incompatibilidade entre a avaliação do CT do Caju para compor as garantias de pagamento (R$ 57 milhões) e a que consta no registro do imóvel (R$ 44 milhões). Nos dois casos, haveria risco de descapitalização do Fundo de Desenvolvimento do Estado.

"A operação de crédito foi analisada pelo Comitê de Riscos, formado por técnicos da Fomento, e a avaliação é de que não há risco de descapitalização. Trata-se de uma operação de crédito baseada em garantias com grau de liquidez dentro do que preconiza a boa prática bancária. Não há determinação para revisão dos contratos até o momento", informou a Fomento, via assessoria.

Outro pedido do Tribunal é para que seja apresentada a apólice do seguro de garantia de conclusão da obra. A Fomento diz ter sido informada pela CAP S/A que o seguro foi contratado e aguarda a chegada da apólice.

Rateio

Ao mesmo tempo em que reclama de não ter o orçamento atualizado da Baixada, o TC-PR é a favor de que o custo excedente do estádio seja dividido em partes iguais entre Atlético, prefeitura de Curitiba e governo do estado. O acordo tripartite em vigor prevê a divisão igualitária de R$ 184,6 milhões, orçamento antigo da obra. Ainda não há uma definição sobre o rateio da diferença entre este valor e os R$ 219,2 milhões que o clube atualizou, mas ainda não formalizou perante o poder público. "É preciso ver o que é menos prejudicial. Na origem da matriz de responsabilidades, fala-se em um terço para cada um. Dentro de uma avaliação criteriosa das razões que levaram ao aumento, é natural que se rateie o excedente da mesma forma", afirmou o coordenador-geral da TC-PR, Luiz Bernardo Dias Costa.

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