Entrada da Sanduny, secular casa de banho e sauna de Moscou| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Na entrada, ainda no passeio, dois homens vestem apenas roupão e um chapéu esquisito, de feltro branco, quase um gorro, ornamento capaz de transformar qualquer um em personagem de uma comédia de quinta categoria ou membro de uma gangue de celerados.

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Nada mais é, entretanto, do que o uniforme standard para circular pelo Sanduny, secular casa de banho e sauna de Moscou, atração off-football para os torcedores presentes à cidade para curtir e torcer na Copa do Mundo 2018.

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Dentre os diferenciais do sistema russo, tradição milenar conhecida por banya, está a famosa surra de ervas. O procedimento atrai milhões de entusiastas pelo país, entre eles, o presidente Vladimir Putin. E no caso do Sanduny, o ambiente é puro luxo.

A casa abriu as portas em 1808 e ganhou ares de novidade décadas mais tarde, pelos anos 1890, ao sofrer uma reforma profunda. O cenário foi redesenhado com um mix de estilos, tais como barroco, rococó, gótico etc e os preços realinhados para todos os bolsos.

Desde então, o Сандуны, no alfabeto local, o cirílico, é referência para quem aprecia cozinhar a si mesmo no vapor. A sauna oscila entre 90° e 120° graus e obtém 100% de umidade. Bafo emanado por pedras aquecidas em forno à lenha.

A recepção, um vestiário cinco estrelas, tem divisórias de madeira escura. Há carrinhos de ferro para repousar acepipes, canecas de chá e chope, e as tevês estão sintonizadas em esporte. É uma man’s cave (“cantinho do guerreiro”, na tradução livre do inglês) de tempos imemoriais.

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Lá, enquanto alguns traseiros masculinos internacionais são exibidos, o clima é de redenção para quem já passou pela banya, e de mistério e agonia para aqueles que se preparam. Chinelas, roupão e o indefectível chapéu vestidos, é hora de partir para a sudorese.

Os aposentos de banho são requintados, obra de um arquiteto de Viena, o must da época, Boris Freidenberg. A recomendação é tomar uma chuveirada rápida, sem qualquer tipo de produto químico, para não fechar os poros. E aí, rumar para o histórico fornalhão russo.

A primeira impressão, especialmente para quem não é habitué em saunas, é de incapacidade para sobreviver nem mesmo aos cinco minutos de prazo mínimo. Aos poucos, o corpo acostuma e correm dez voltas no ponteiro alojado na recepção do escritório do Mefistófeles.

Chega o segundo desafio, o popular “contraste”. Uma tina com litros de água fria está posicionada estrategicamente, no alto, para o vivente atirar o conteúdo, voluntariamente, contra a própria cabeça, ao puxar uma cordinha.

É o susto. O passo seguinte é invadir um tanque de água gelada. Tamanha é a diferença de temperatura que o impacto não é tão forte quanto pode se imaginar. Mas o fenômeno da passagem do calor para o frio extremos sequestra o indivíduo lentamente.

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Quando já se está na piscina, de estilo romano, circundada por colunas e esculturas e fechada por vitrais no teto, bate a epifania. Durante a flutuação, a sensação é de estar nadando no líquido amniótico, de volta ao lar original, no ventre materno.

A letargia toma conta. Um estado pré-sono, quando se está pescando de frente para a TV, enrolado numa cobertinha. Lembra a reentrada na atmosfera após uma dose de propofol, aquele anestésico que levou o Michael Jackson – quem já fez endoscopia manja.

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Numa relax, numa tranquila, numa boa, é hora de encarar o terceiro ato, de coragem, confiança e drenagem linfática. Feita a solicitação, um russo, com cara de russo, do tamanho de um russo, que fala russo, vestido apenas com um calção preto, aparece para desferir a surra de ervas.

De volta à sauna, é preciso deitar sobre o banco de madeira, nu, de costas, sem defesa. Armado com dois ramos de plantas medicinais, o algoz terapêutico parte para a agressão. Com vassouradas ritmadas, cobre todo o corpo. Repete na frente e finaliza o ritual brutal de cura.

A epopeia russa oferece diversas modalidades a preços variados. De um programa convencional de duas horas por R$ 106 (1800 rublos, a moeda local) até o aluguel de uma cabine, por cerca de R$ 300 (5000 rublos) por uma hora. Há ainda um setor exclusivo para mulheres.

Uma chance para sair do roteiro de jogos, fan fests e Praça Vermelha na Copa do Mundo e viver como os russos por um período. Já são mais de 200 anos de glamour, vapor, gelo, surra de ervas e um chapeuzinho patético para não esquentar a cabeça .

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