Retrospecto atenua vantagem alviverde
Napoleão de Almeida, especial para a Gazeta do Povo
O supermando pode ser um superproblema? Se o Coritiba repetir o desempenho da primeira fase contra os adversários do octogonal, talvez. Líder isolado, três pontos à frente do segundo colocado, o Coxa sobrou na competição até então. Mas quando se analisa somente o desempenho contra os times que passaram pelo funil, o aproveitamento não passa dos 47,6%.
Foram quatro empates (Corinthians-PR, Paranavaí, Atlético e Cascavel) e duas vitórias (Iraty e Operário), sendo que a única derrota que teve na competição foi para o Paraná, adversário de estreia na segunda fase. Matar o rival já na largada é a meta: "Se quisermos ser campeões não podemos perder essa oportunidade de iniciar com o pé direito", diz Franco.
O técnico mesmo reconhece publicamente que a partir de agora apesar de todos os bônus que o Alviverde carrega começará outra competição. Mas, apesar disso, caso todos repitam o desempenho da primeira parte do Paranaense, é o Coxa quem deve ficar com a taça graças aos critérios de desempate.
Isso porque o Paraná, que teve índice idêntico contra os demais sete times (47,6%, com 2 vitórias, 4 empates e 1 derrota) faria 10 pontos; enquanto o Atlético, que se deu melhor nesse rol de partidas (52,3% de aproveitamento, com 3 vitórias, 2 empates e 2 derrotas) só atingiria 11 pontos.
Ao somar os pontos extras, rubro-negros e alviverdes ficariam iguais, mas o regulamento leva a taça ao Alto da Glória. Até mesmo o surpreendente Cascavel, clube que na etapa classificatória conseguiu 12 pontos (57,1%) nos jogos com os sete rivais de agora, perderia a taça por ter uma pior campanha na primeira fase.
Se a projeção contra os classificados é preocupante, o desempenho como mandante é favorável. Foram sete jogos entre Vila Capanema, Paranaguá e Couto Pereira, com aproveitamento de 76,1%. O número cai ao se olhar somente as partidas no Couto Pereira nesse ano: dois jogos, uma vitória e um empate, com 44,% de rendimento.
Foi no Couto que o clube perdeu o Estadual do ano passado, ao tropeçar no Iraty 0 a 1. Nem mesmo vencer o Atletiba (4 a 2) adiantou. Para evitar um "superproblema" e uma "superpressão", o negócio é superar o retrospecto contra os times do octogonal.
Joel Malucelli atendeu ao telefonema da Gazeta do Povo com um bom humor incomum para quem é o presidente do clube que se classificou na última colocação possível (oitavo) na primeira fase do estadual, o Corinthians Paranaense. "Olha, com sinceridade, para nós não é um mal negócio jogar todas as partidas do octogonal fora de casa", diz.
Enquanto isso, a 500 quilômetros de Curitiba, Nivaldo Mazzin, o mandatário do Paranavaí, de quem se esperava mais otimismo, estava bem menos empolgado. Sexto colocado, o Vermelhinho terá direito a contar com o apoio de sua torcida em duas partidas, o que não parece suficiente. "Só espero não ter de desmantelar a equipe no meio da competição", lamenta.
São apenas dois anos em vigor, mas a fórmula equivocada redigida pela Federação Paranaense de Futebol, que ficou conhecida como supermando, parece ter o poder de surpreender mesmo quando já se imaginava prever tudo a seu respeito. Se no ano passado os problemas principais foram os prejuízos do "sem-mando", desta vez os desdobramentos da regra ganharam novas nuances. A reação do dirigente do time do Parque Barigui é uma delas.
Sem torcida, na maioria das partidas que atua em casa o Corinthians-PR fica com um déficit de R$ 7,5 mil no caixa. Já quando pega a estrada, o gasto é calculado em R$ 5 mil. A conta que resulta no sorriso de Joel é simples: multiplicar a diferença (R$ 2,5 mil) pelos sete jogos. O resultado é uma economia de R$ 17,5 mil.
"Como temos pouco público, as despesas com arbitragem e manutenção são grandes. Nunca conseguimos cobrir o custo", conta o dirigente.
Entre o Corinthians e o Paranavaí, a diferença na tabela da fase inicial foi de apenas duas posições. Mas financeiramente a diferença é assombrosa. São contas que começaram a ser feitas no ano passado, quando o time do interior esteve na mesma situação do clube da capital, sem poder jogar em casa.
Na época, o Paranavaí teve um prejuízo de R$ 130 mil. Agora, imaginava ao menos fechar a fase inicial com R$ 70 mil em caixa. Não chegou aos R$ 14 mil. E o que vem pela frente pode bater na casa dos R$ 120 mil.
"Nós deixaremos de ganhar e ainda vamos gastar", analisa Mazzin. Ele espera somar quatro pontos nos jogos contra Iraty, Paraná e Coritiba para empolgar o torcedor e tentar recuperar um pouco do prejuízo na quarta rodada, em casa, contra o Cascavel, que é o terceiro personagem desta história.
O time do Oeste do estado está exatamente em um posição intermediária entre os dois anteriores: foi o sétimo na etapa inicial e terá uma partida em casa pela frente na final. Sem obter a classificação no ano passado, o clube conseguiu se precaver para o atual campeonato. Guardou o dinheiro que perderia com uma classificação entre os piores e fez parcerias.
"Já sabíamos que seria assim, mas estamos preparados. Temos bons parceiros, por isso não pagamos pelo transporte, e em alguns lugares temos desconto na alimentação", diz Ney Victor, presidente da Serpente. "Nosso objetivo é ser o melhor time do interior e ganhar o prêmio de R$ 50 mil."
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