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Aryon Cornelsen, 89 anos, deixa uma história de paixão pelo Coritiba | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Aryon Cornelsen, 89 anos, deixa uma história de paixão pelo Coritiba| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

O Coritiba se despediu ontem de um dos seus maiores dirigentes. Aos 89 anos (77 ligados ao clube), Aryon Cornelsen morreu na noite de terça-feira de hemorragia interna em decorrência de uma úlcera. Será lembrado por sedimentar o Coxa para o período do profissionalismo, assim como pelo início da construção do estádio Couto Pereira.

Aryon era considerado um dirigente completo por quem conviveu com ele. Jogador das categorias de base do clube, do time principal, dirigente e conselheiro, Tito, como era chamado por familiares e amigos próximos, foi cremado ontem à tarde. Suas cinzas, conforme último desejo, deverão ser jogadas no gramado do Alto da Glória.

"Ele foi completo, um conquistador. Fez tudo que uma pessoa poderia fazer pelo clube", diz Dirceu Krüger, ídolo alviverde nas décadas de 1960 e 1970. Cornelsen esteve à frente do Coritiba entre 1956 e 63.

"Sem ele, o estádio ainda estaria como era, pois não havia dinheiro. Ele acabou com o amadorismo e começou o profissionalismo autêntico. Valorizou o jogador", avalia o jornalista e amigo Vinícius Coelho, autor do livro Aryon Cor­­nelsen, um Empreendedor de Vitórias, lançando em março.

Nascido em 3 de março de 1921, Cornelsen começou sua vida no Alviverde aos 11 anos de idade. Participou, inclusive, da partida de inauguração do antigo Belfort Duarte como ponta-esquerda da equipe infantil. "Ele nunca poderia imaginar que depois iria ser o responsável pela demolição daquele palco e ergueria o novo estádio", lembra Coelho.

O dinheiro para a construção o atual estádio coxa-branca veio com a criação do "Bolão Pre­­miado", uma espécie de loteria criada em 1956, no primeiro ano de Cornelsen como presidente. Em oito anos no comando do clube, foram cinco títulos estaduais, a melhor média entre todos os mandatários da equipe do Alto da Glória.

"Não há como medir um perda dessas. Ele é patrimônio histórico do clube, agregou em todos os sentidos. Sempre amou o Coritiba e mesmo depois de 1963 (quando deixou a presidência) sempre ajudou e continuou um apaixonado", declara Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do conselho administrativo coxa-branca.

Como jogador, Cornelsen entrou para o elenco principal em 1940 e participou do jogo de inauguração do estádio Pacaembu, em São Paulo. Quatro anos depois, formado em Direito, chegou a abandonar a carreira. Porém a paixão pelo esporte falou mais alto. Retornou em 1949, mas por causa de uma grave lesão foi obrigado a encerrar definitivamente sua trajetória dentro dos gramados no mesmo ano.

"Ele era uma pessoa que não machucava ninguém, era muito apegado à família, passava os fins de semana brincado com os netos. Só brigava mesmo quando era pelo Coxa", resume Coelho. "Ho­­mens passam e as obras ficam. A dele ficou, sempre com muito caráter e humildade, voltado às coisas do Coritiba", conclui An­­drade.

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