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Mãos na cintura, a perna esquerda levemente erguida e o corpo virado de lado para a câmera de televisão. Quando Anderson Aquino marcou o terceiro gol na vitória do Coritiba sobre o Figueirense, na semana passada, fez uma comemoração curiosa que, segundo o atacante, homenageava um amigo recém-conhecido: o "Capitão". Na verdade, tudo isso não passava de uma ação de marketing que criou uma saia-justa no clube alviverde.

O Capitão ao qual se referia o atacante é na verdade a Captain Morgan, marca de rum famosa nos Estados Unidos que pertence à empresa britânica Diageo e está entrando no mercado brasileiro via Curitiba. Para chamar a atenção da mídia, a empresa pa­­ga a três jogadores do Alvi­­verde (além de Aquino, Marcos Aurélio e Leandro Donizete) para comemorarem com a pose feita por Aquino a cada gol marcado.

O problema é que nem a companhia nem os atletas entrou em contato com o clube antes de assinar o contrato. "O Coritiba não valoriza este tipo de postura. No entanto é um assunto interno que iremos desdobrar em nossas instâncias sem nenhum tipo de trauma. Se por acaso se tornar algo recorrente tomaremos uma postura mais pontual", resume o superintendente administrativo coxa-branca, José Rodolfo Leite.

Gerente de marketing e inovação da Diageo no Brasil, Ales­­sandra Liberman admite que as negociações, cujos valores se nega a revelar, "foram feitas diretamente com os jogadores", mas lembra que eles "conhecem as normas internas dos seus respectivos clubes".

A empresa ainda contratou três atletas do Atlético – Paulo Baier, Branquinho e Manoel – para comemorar gols do mesmo modo que Aquino. Por meio da assessoria de imprensa, o Rubro-Negro reconheceu que não tinha conhecimento da campanha, mas informou que os atletas podem participar desse tipo de propaganda desde que não haja um conflito de interesses com os patrocinadores do clube.

Esse tipo de ação "não é nova" no futebol, como lembra João Henrique Areias, presidente da Sportlink Marketing Esportivo. Trata-se do chamado ambush marketing (ou marketing parasitário), praticado por companhias que procuram vincular sua marca a eventos indiretamente, já que não são patrocinadoras oficiais.

A prática em si não é proibida, conforme aponta o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmidt. Árbitro da Fifa, o gaúcho Leandro Vuaden diz que "jamais iria punir um jogador" por causa de uma propaganda como essa. "Existe uma orientação quanto a mensagens religiosas e também quando possa inflamar o torcedor ad­­versário", explica.

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