• Carregando...
Bronze em Pequim, Ketleyn Quadros continua sem apoio: “Não sei mais o que um atleta precisa fazer para conseguir patrocínio" | Antônio Cruz/ Agência ABR
Bronze em Pequim, Ketleyn Quadros continua sem apoio: “Não sei mais o que um atleta precisa fazer para conseguir patrocínio"| Foto: Antônio Cruz/ Agência ABR

Lei de Incentivo surge como alternativa

O comprometimento na preparação hoje pode refletir daqui a três anos no desempenho em Londres, em 2012, avalia o presidente do Instituto Brasileiro de Marketing Esportivo (IBME), Thiago Mansur. "Com a diminuição do investimento, muitos atletas mudam sua preparação, deixam de participar de alguns eventos por falta de dinheiro e isso pode fazer a diferença", afirmou o especialista, que não arrisca um palpite de quando a crise pode dar um alívio.

Leia a matéria completa

"Quando você vê que a NFL (liga de futebol americano) reduziu os preços dos ingressos do Super Bowl, realmente não podemos esperar um ano bom", afirmou Tom Van Riper, da revista Forbes. A mesma edição recente da conceituada publicação de negócios trouxe uma análise previsível para 2009: a economia vai comandar o esporte e, por causa disso, tudo vai mudar – preços dos ingressos, valores dos contratos dos atletas, a presença do público e, claro, os patrocínios. E se turbulência dos mercados abala esportes milionários e os grandes negócios do seguimento, é mais devastadora nas modalidades que naturalmente sobrevivem em crise.

O primeiro ano do ciclo olímpico, período tradicional de retração nos investimentos, tem sido ainda mais austero. Nem o apelo de conquistas recentes e expressivas garante a fidelidade dos patrocinadores, o que reforça as incertezas dos atletas que começam agora a mirar em Londres-2012.

A instabilidade nos mercados diminuiu os recursos de apoio às atividades esportivas em 2009 e o universo de empresas interessadas em patrocinar as diferentes modalidades olímpicas encolheu. Em dezembro, venceram os contratos de patrocínio que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) mantinha com um grupo de seis grandes empresas no último ciclo olímpico, encerrado em Pequim. A Oi e a Sadia anunciaram que não vão renovar e devem ser substituídas. Já Olympikus, Femsa, Caixa Econômica Federal e Petrobras ainda estão em negociação. Se há prudência nesse nível de parceria, dá para imaginar o que acontece na ponta da pirâmide olímpica.

Em 11 de agosto de 2008, a judoca Ketleyn Quadros fez do seu bronze em Pequim um marco na história do esporte brasileiro. Pouco mais de seis meses depois, toda a badalação com a primeira medalha individual feminina do país se foi. E com ela as chances de garantir um apoio maior.

"Antes da medalha, eu tinha procurado um patrocínio, mas sabia que seria difícil porque eu não era muito conhecida. Depois de Pequim, eu achei que, com a medalha, seria um pouquinho mais fácil. Não pensava que teria tanta dificuldade. A maioria negou, dizendo que com a crise econômica não poderia ajudar", contou. "Sinceramente, isso me desanima um pouco porque eu não sei mais o que um atleta precisa fazer para conseguir patrocínio. Mas não é agora que eu vou desistir. Acho que vai aparecer alguém para me apoiar", desabafou a brasiliense, que recebe uma ajuda de custo de R$ 1.200 do Minas Tênis.

Medalhistas de prata em Pequim-2008, semifinalista olímpica na China e campeão do Circuito Mundial 2008, Márcio/Fábio Luiz, Renata e Harley, respectivamente, começaram o calendário 2009 do vôlei de praia sem patrocínio.

"Essa crise afetou todo mundo, e sobrou para os atletas. Isso é ruim para o esporte e dificulta o trabalho. Temos um projeto para mais um ciclo olímpico, então eu espero que em dois meses a gente tenha alguma coisa fechada", afirmou Márcio. "Tínhamos dois patrocinadores bem encaminhados, mas todo mundo acaba segurando por causa da recessão", completou.

Márcio e Fábio Luiz foram abandonados por seu antigo patrocinador, a Medley, antes mesmo dos Jogos de Pequim e desde então, seguem em batalha procurando novos parceiros.

Responsável pela primeira medalha olímpica feminina da vela brasileira, Fernanda Oliveira não conseguiu em 2009 dar continuidade às comemorações daquela conquista ao não renovar seus patrocínios. Atualmente treinando ao lado da jovem Ana Barbacham, de 19 anos, a gaúcha pretende reestruturar sua rotina de trabalho até poder contar novamente com as condições que lhe possibilitaram chegar ao pódio olímpico. Uma ambição que pode ser comprometida pelas incertezas econômicas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]