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A "greve" instituída pelos jogadores do Paraná Clube na manhã desta terça-feira tornou público algo além da já conhecida crise financeira que vive a agremiação. Na tentativa de resolver o problema envolvendo dois meses de direitos de imagem e um de salários atrasados, dirigentes da atual cúpula paranista e da direção eleita no início de novembro escancararam a crise também política que o Tricolor vive. O cenário para 2010, antes parecendo promissor, agora é uma interrogação.

De braços cruzados pela manhã, os jogadores do Paraná só aceitaram voltar aos treinos na tarde desta terça depois que o atual presidente, Aurival Correia, finalmente deu as caras na Vila Capanema. Embora orientados pelo dirigente, o diretor de futebol Paulo Welter e o gerente Beto Amorim não conseguiram apaziguar os ânimos do elenco e uma reunião com Correia, se comprometendo a quitar todos os débitos até sexta-feira, pôs fim, pelo menos temporariamente, ao imbróglio.

Aurival Correia deu razão aos jogadores e aproveitou para alfinetar os componentes da nova diretoria, a qual assume em dezembro e que será capitaneada por Aquilino Romani e Aramis Tissot. "Eles fizeram pressão sobre a diretoria, nós faltamos com as nossas obrigações na semana passada e os atletas, como estão habituados a receber em dia aqui no Paraná, nos cobraram. Ninguém aqui está acostumado a não receber. Tentamos convencê-los a nos dar esse novo voto de confiança, mas (pela manhã) eles não concordaram e eu não posso condenar. Estamos esperando a entrada de valores desde a semana retrasada, não aconteceu. Fico até de mãos amarradas para resolver sem a presença dos eleitos", disse Aurival Correia, em entrevista coletiva.

Pela conversa que teve com os jogadores, o atual presidente paranista deu a entender que, se os débitos não forem quitados, são grandes as chances dos atletas sequer entrarem em campo na próxima sexta-feira, quando o Paraná se despede na Série B diante do Fortaleza, no Durival Britto. "Vamos trazer o Aquilino para fazer o acerto. Pelo que vi hoje os jogadores não vão entrar em campo se a situação não for resolvida", alertou.

A fonte dos recursos para solucionar os problemas são uma incógnita também para Aurival Correia. "Não sei, não participei de nenhuma reunião, nem fui convidado por este grupo que, pretensamente, disse que traria recursos para o clube em 2010. Não sei o que dizer, não sei o que estão prometendo. Me ofereci para viajar nesta semana com o Aramis e com o Beto a São Paulo para renovar alguns contratos, a negociar com o Roberto Cavalo, com patrocinadores, enfim, estou aqui para ajudar sempre o clube", completou.

Paulo Welter endossa "racha" tricolor

Visto como "homem de recados" pelos jogadores, Paulo Welter mostrou-se bastante chateado com a situação atual do clube. Foi ele quem teve de lidar com os atrasos de salários junto ao elenco antes da aparição de Aurival Correia na Vila. Acabou desgastado e muito magoado, tanto pelo que teve de conduzir como pelo que acabou ouvindo de ambos os lados.

"Nos últimos cinco jogos vínhamos negociando com o pessoal, tínhamos essas pendências e fomos explicando que teríamos recursos. Nesse período de transição os valores não foram resolvidos, não sei o que acontece com a diretoria que irá assumir, e o grupo hoje disse que não trabalharia. Me desgastei, não é fácil explicar quando envolve dinheiro. Tudo deveria ter sido planejado melhor, sabia que teria dificuldades quando voltei, mas não esperava que chegasse a isso", desabafou, em entrevista à Rádio CBN.

Welter aproveitou a ocasião para também deixar em aberto a sua permanência no departamento de futebol em 2010. "Tenho colaborado, mas não sei de onde virão os recursos para resolver a situação atual. Não estou participando disso e até sexta também devo definir se fico ou não. Se fosse hoje eu diria que não, já que os últimos dias foram muito desgastantes, estou muito chateado e magoado com a forma com que tudo foi conduzido. Independente disso, darei uma satisfação ao torcedor até lá", finalizou.

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