• Carregando...
 | Reprodução www.youtube.com
| Foto: Reprodução www.youtube.com

Eleições e futuro

No fim deste ano, segundo o estatuto de Paraná e Atlético, novas eleições devem mudar o comando de ambos os clubes. Ou deveriam, pelo menos. No Furacão, a ausência de uma oposição faz com que todos acreditem que a campanha no returno do Brasileirão, boa ou ruim, não influa no futuro do time. "O Atlético é um clube dirigido com ‘mão de ferro,’ com quadro associativo pequeno com direito a voto, sob controle da atual administração. Não acho que possa ocorrer qualquer influência", confirma Cordeiro.

Já no Tricolor, um returno ruim pode dificultar a atual cúpula dirigida pelo presidente José Carlos de Miranda de fazer o seu sucessor. "No Paraná vai ter aquela eleição clássica. A campanha pode influenciar o candidato do Miranda, que deve ser o José Domingos (vice de futebol), que é estritamente do futebol, não conhece muito do social. Já a oposição que fala pelo social pode bater nessa tecla em caso de uma campanha ruim. Se for rebaixado, a oposição vai dizer que a atual diretoria deixou crescer o fundo de investimentos dentro do clube. Isso e outras coisas serão questionadas", adianta Mendes Júnior.

Entretanto, há quem discorde desse panorama. "O Atlético virou a ‘ilha de Cuba’, nada deve mudar. No Paraná também acho que não vai influir em nada, o clube está bem organizado, e a situação não vai sofrer em razão de uma campanha ruim", garante Carneiro Neto.

Passadas 19 rodadas, o futebol paranaense aparece de forma apagada na classificação do primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Com um fraco desempenho dos dois representantes do estado – Atlético Paranaense e Paraná Clube – na elite do futebol nacional, só a frente dos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Santa Catarina do que diz respeito a aproveitamento, a pergunta que fica é: o que mais pode-se esperar das equipes paranaenses até o fim da temporada?

As indigestas 13.ª colocação do Paraná, e a 16.ª do Atlético, colocam em xeque as reais aspirações de ambos os clubes às vésperas do início do segundo turno da competição. Ambos distantes dos 40 pontos do líder São Paulo, atualmente a probabilidade das equipes lutarem apenas pela sua permanência na Série A é maior do que qualquer chance de conquista de vagas para a Taça Libertadores e a Copa Sul-Americana do ano que vem.

Para corroborar ou não essa tendência, a reportagem da Gazeta do Povo Online ouviu os cronistas esportivos e colunistas do jornal Gazeta do Povo Carneiro Neto, Dionísio Filho e Airton Cordeiro, além do editor de esportes da publicação, Leonardo Mendes Júnior. Entre frases e palavras construídas a sua maneira, todos foram praticamente unânimes em confirmar essa expectativa pessimista e tortuosa para o futebol paranaense no Brasileirão.

As críticas começam pelo próprio campeonato estadual. "Utilizar o Campeonato Paranaense como laboratório é problema para nós. Se tivéssemos um torneio estadual mais organizado, com menos times e uma maior envergadura técnica, teríamos uma melhor condição no Brasileiro, mas acontece exatamente o inverso", afirma Carneiro Neto. Os equívocos dos dois clubes também não são esquecidos. "O Atlético sofreu com um time razoável no início do ano, mas fraco principalmente na defesa. A demissão do Vadão demorou muito, a diretoria não fortaleceu setores carentes, e ainda errou ao trazer o Antônio Lopes, um técnico ultrapassado. Já o Paraná tem um time no mesmo nível de anos anteriores, mas também errou ao trazer o Gilson Kleina de volta", opina Leonardo Mendes Júnior.

Com essas e outras falhas, a expectativa é de um caminho tortuoso para tricolores e rubro-negros até o fim da competição nacional. "Tem que pensar em não cair, acho que no máximo alcançam uma vaga na Sul-Americana. Os dois times têm que se preocupar pelo que não fizeram no primeiro turno", assegura Dionísio Filho. A mesma opinião tem outros adeptos. "Acho que os dois vão lutar para não cair, e com golpe de sorte conseguem uma vaga na Sul-Americana. São duas campanhas fracas, ridículas, mas que demonstram a falta de planejamento e profissionalismo. Mais do que isso seria algo extraordinário, mas no futebol tudo é possível", avalia Carneiro Neto.

Explicações para campanhas pífias

De um lado, um clube de futebol com recursos financeiros, mas com uma proposta que não prioriza o futebol. De outro, uma equipe modesta, mais equilibrada, porém que oscila muito no comando técnico. Essas breves características se encaixam bem no atual perfil de Atlético e Paraná, e ficaram ainda mais evidentes com a campanha ruim dos dois times após 38 jogos disputados até aqui. Alguma solução à vista?

"A queda no Paraná foi uma surpresa, pela campanha na Libertadores, mas se deve especialmente a inconstância no comando, as contratações feitas de forma precipitada, além de um argumento que usei desde o início do ano: foi feita uma profunda alteração, com um time inteiramente novo sendo montado no início do ano. Já o Atlético não demonstrou preocupação em montar um grande time neste ano, mas sim preocupação em vender jogadores, e isso não é reinvestido no time. Isso me causa estranheza, e o presidente (Mário Celso Petraglia) já disse que não fará conclusão da Arena com venda de jogadores, mas sim empréstimos. Então, estocar dinheiro pra que?", indaga o cronista Airton Cordeiro.

O desempenho em Curitiba de paranistas e atleticanos também esteve bem aquém do esperado. E em um campeonato por pontos corridos, vencer em casa torna-se obrigação. "No Atlético, o que sempre colocou medo nos adversários? A força da torcida e o poder ofensivo. Atualmente, a torcida não tem ido e o time não tem ataque, até porque Dinei e Marcelo colocam medo em quem? Já o Paraná tem esse desempenho em casa pela sua própria forma de jogar. O Zetti montou a equipe para jogar bem fora de casa, no contra-ataque, esperando o adversário. Porém, em casa, o time tem que se impor para vencer, e o time tem dificuldades nesse sentido. A situação piorou com a ausência dos gols do Josiel", comenta Mendes Júnior.

Já Dionísio Filho aponta outros problemas para as equipes atuarem em seus domínios. "O Paraná ficou muito visado pelos adversários depois do bom começo de campeonato. Isso dificultou e muito o trabalho dos treinadores e dos próprios jogadores em campo. O Atlético se ressente de uma falta de seqüência nas escalações, e a saída de alguns nomes, como o Denis Marques, influíram drasticamente para essa perda de rendimento em casa. Não veio ninguém a altura, e esses reforços ai são apostas".

"Caminho das pedras" para melhorar

Sugestões para que o Furacão e o Tricolor mostrem mais futebol e subam na classificação do Brasileirão não faltam. As melhoras, porém, dependem de resultados e mudanças. "O Paraná já mostrou que com esse grupo pode conseguir alguma coisa. Acho que precisa trocar técnico, e vejo algum problema dentro do grupo, talvez de ordem financeira. No Atlético, creio que o Lopes não vai dar jeito no time, não vai conseguir fazer a equipe crescer. A diretoria precisa ter humildade e ver que dirige um clube de futebol, e precisa contar com torcida nesse momento. É hora de aglutinar", sugere Mendes Júnior.

Para outros, os problemas são maiores do que as soluções a curto prazo. "Faltou time de qualidade ao Atlético. Fizeram contratações equivocadas, contratam sempre pensando em vender, e não para ser competitivo. Não tem direção de futebol, o que é grave, porque o treinador fica sem interlocutor, e pessoas que não entendem ou entendem pouco de futebol deixam o técnico isolado. No Paraná, a diretoria mantém o Kleina e ele precisa ganhar, senão não se sustenta. Acho que só isso pode mantê-lo e fazer o time melhorar", diz Cordeiro.

Mais pessimista, Carneiro Neto não vê alguma solução neste momento. "Se não tiveram competência de ganhar do Paranavaí no Estadual, como ir bem no Brasileiro? Tudo isso que está ai é um desdobramento, se não ganharam dos times do interior, fica difícil", ironiza.

Apenas em um ponto todos os entrevistados concordam: pela estrutura, pelo elenco, pelo treinador e pela fase atual, o São Paulo é o favorito disparado ao título brasileiro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]