• Carregando...
Fachada do Centro de Treinamento do Caju, local que vai abrigar uma reclusa seleção brasileira no mês de maio, às vésperas do embarque para a África do Sul | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Fachada do Centro de Treinamento do Caju, local que vai abrigar uma reclusa seleção brasileira no mês de maio, às vésperas do embarque para a África do Sul| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

CBF escolhe clube elitista como QG

Marcio Reinecken

O The Fairways era apenas um clube de golfe antes da África do Sul ser escolhida como sede do Mundial de futebol de 2010. Localizado em um bairro calmo de Johannesburgo, Randark – algo semelhante ao Jardim Schaffer em Curitiba –, com a aproximação da competição é mais um local a abandonar suas atividades de origem para atender à demanda da Copa do Mundo.

Nesse caso, será esse clube de elite sul-africano o QG da seleção brasileira. E quartel se encaixa bem como definição do local que abrigará o Brasil de 28 de maio a, se tudo correr dentro do planejado, 11 de julho. Segurança foi a principal característica que fez a CBF concorrer com Portugal e EUA pelo "campo de golfe".

"Durante a estada da seleção brasileira, nem Tiger Woods conseguirá terá acesso", brinca a diretora de marketing, Belinda Cooper. Evidentemente, as atividades golfísticas estarão suspensas durante o período.

Para atender a delegação brasileira o The Fairways gastou cerca de 100 milhões de rands, aproximadamente 25 milhões de reais, com as adaptações necessárias. O mais caro foi a construção de um hotel que deverá ficar pronto em cima da hora. Faltando 99 dias para o início da Copa, apenas 60% do novo prédio estava de pé.

Pela blindagem preparada pelo técnico Dunga, o Brasil também não terá de se expor muito para chegar no local de seus treinos diários. De carro, seis minutos até colégio chamado Höerskool Randburg – outro a paralisar as atividades em prol do Mundial. Lá, um bando de crianças ansiosas e, por enquanto, um campo bem esburacado esperam pela seleção.

"A escola ficará popular com o Brasil treinando aqui", vibra Larry Lombard, 13 anos, aluno do 8.º ano. Fã de Kaká, dificilmente realizará o sonho de conseguir um autógrafo do craque. Um dos motivos é que a escola estará parada por cinco semanas entre junho e julho. O outro, os altos muros que deverão ser construídos em volta do campo de rúgbi, que será recapado e adaptado.

Além disso, também está prevista a construção de uma sala de imprensa para atender aos jornalistas, radialistas e a mídia televisiva (internet, telefones etc). Dessa vez, os gastos correrão por conta da Fifa.

Entre a noite de 21 e a manhã de 26 de maio a seleção brasileira fará o último período de treinamento antes da Copa do Mundo no Brasil. O local escolhido foi o CT do Caju, mas isso está longe de significar que o time de Dunga viajará para África do Sul após um estreito contato com a torcida paranaense.

Na propriedade atleticana, o escrete nacional ficará totalmente isolado. Fora as dependências do CT, a única coisa que Kaká, Robinho e cia verão na região de Curitiba será o trajeto entre o aeroporto Afonso Pena e o bairro do Umbará, onde fica o Caju – deslocamento que não dura mais do que 20 minutos.

A passagem da seleção pelo Paraná seguirá o mesmo roteiro que será visto no Mundial, com pouquíssimo acesso de fãs e jornalistas aos jogadores e à comissão técnica. A ideia é não repetir os abusos de Weggis, na Suíça, local em que antes da Copa de 2006 uma festa a cada dia era promovida ao grupo brasileiro.

Para evitar que visitantes indesejáveis incomodem, vários pedidos foram feitos ao Atlético. Desativada, a entrada através do portão do miniestádio deve ser reaberta apenas para acesso de integrantes do estafe da CBF. Funcionários do Furacão só serão permitidos se estiverem atuando nos serviços de atendimento à equipe de Dunga e nem os porteiros do Rubro-Negro trabalharão sozinhos.

"Quando um proprietário aluga uma casa não fica indo lá para perturbar o inquilino. A casa será da seleção brasileira que terá toda estrutura para, com tranquilidade, fazer as atividades necessárias", afirma a 2.ª vice-presidente rubro-negra Yara Eisenbach.

As necessidades exatas da equipe nacional serão conhecidas durante essa semana, quando é aguardado um relatório definitivo vindo da CBF. Porém, já se sabe que o time atleticano – que estará disputando o Bra­­sileirão no período – não deverá treinar no Caju. As dependências para a imprensa serão aumentadas, mas ainda não está sacramentado se uma estrutura provisória será erguida no primeiro campo, logo na entrada do CT, ou a sala que normalmente atende aos jornalistas (colada à portaria principal) será ampliada de forma definitiva.

Por outro lado, pelo menos um treinamento em Curitiba deverá ser aberto. Até a ideia do erguimento de uma arquibancada provisória foi discutida, mas já praticamente descartada. Dois campos foram solicitados pela seleção e neles atividades físicas e os primeiros contatos com bola (tudo muito leve, nada de coletivo) serão realizados.

No entanto, até mesmo nessas atividades haverão restrições. As únicas marcas que podem aparecer são as comercializadas pela CBF. Placas e patrocinadores do Furacão serão retirados.

"Isso não nos atrapalha em nada. Já é previsto em contrato que para casos excepcionais, como receber a seleção, não podemos anunciar nada", diz o diretor de marketing atleticano Paulo Verardi. "Não existe um cálculo de quanto iremos ter de retorno. Pela visibilidade da seleção, certamente teremos uma exposição global muito grande", avalia.

O fato de abrigar a seleção pentacampeã mundial já gerou o contato de outro selecionado que vai para a Copa. Conforme a reportagem apurou, trata-se de uma seleção sul-americana, mas que tem o nome guardado a sete chaves para não atrapalhar as negociações.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]